Angela Davis – que já apresentamos nessa coletânea – ao vir ao Brasil em 2019, questionou: “Por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”. Mas e você? Já conhece Lélia Gonzalez?
Lélia (1935-1994) é uma das intelectuais mais importantes de nossa história!
Mineira crescida no Rio de Janeiro, foi a décima sétima filha dos dezoito de seus pais, o pai era ferroviário e a mãe empregada doméstica. Desde muito nova, sua intelectualidade se destacava entre as cadeiras do Colégio Pedro II.
Mais a diante, formou-se em filosofia pela Universidade da Guanabara (que hoje é a UERJ), e tornou-se professora da PUC-Rio, onde veio a ser a primeira mulher negra diretora de um departamento universitário, o Departamento de Sociologia e Política desta mesma universidade.
Lélia Gonzalez foi pioneira em tudo que fez: na fundação do MNU, do Partido dos Trabalhadores, na mobilização de negros e negras rumo ao PDT, na resistência à ditadura, na luta de negros brasileiros contra o Apartheid na África do Sul, no Nzinga (Coletivo de Mulheres Negras), na formulação de mulheres negras nas políticas públicas, a partir do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, e na formulação de um pensamento que articulava gênero e raça, sobretudo no contexto latino-americano.
Por este motivo, sua voz ecoou pelo mundo, tornando-a uma referência internacional em diversas universidades e nas Nações Unidas. Isso tudo, sem que sua intelectualidade reduzisse o papel da cultural, a qual formulou e fomentou, através do Candomblé, dos blocos Afro e de tantas outras iniciativas.
O Sisejufe reverencia Lélia Gonzalez e suas obras! Seu pensamento é referência e sua tradição é orgulho!
Lélia Gonzalez, presente!
Para conhecer mais da obra de Lélia Gonzalez, ler:
– A questão negra no Brasil (1981)
– Lugar de Negro (1982)
– Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira (1983)
– A mulher negra no Brasil (1984)
– Por um Feminismo Afro-latino-Americano (1988)
– A importância da organização da mulher negra no processo de transformação social (1988)
Por Ana Priscila Alves, gestora pública pelo IPPUR-UFRJ e pesquisadora pelo IESP-UERJ, especial para o Sisejufe