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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Nota de repúdio à trágica megaoperação policial nos Complexos da Penha e do Alemão

O SISEJUFE – Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio de Janeiro manifesta seu mais veemente repúdio à operação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou em dezenas de mortes e instaurou o terror na região metropolitana do Rio. O que se viu foi uma ação desastrosa, marcada pela lógica da violência e pela política do espetáculo, que em nada contribui para a segurança pública nem para a paz social.

A insistência do governo do Estado em promover incursões bélicas em áreas densamente povoadas, tratando territórios populares como zonas inimigas, moradores como bandidos e utilizando caixões de policiais como palanque revela a completa falência de uma política de segurança que há mais de quarenta anos repete o mesmo enredo: corpos no chão, policiais arriscando suas vidas, famílias destroçadas e a população refém do medo.

Essas ações expõem os próprios agentes de segurança a riscos inaceitáveis, resultado direto da falta de planejamento, de inteligência e de coordenação. Policiais são lançados em territórios complexos, sem estrutura adequada e sem estratégia consistente, tornando-se alvos em operações que servem mais à visibilidade política do que à proteção da sociedade. É inaceitável que trabalhadores sejam tratados com descaso e expostos a riscos desnecessários.

Enquanto o Estado continuar ausente nas políticas públicas que garantam futuro e dignidade aos moradores de favela, o recrutamento de jovens para o crime seguirá sendo um caminho fácil para quem nasceu sem oportunidades.

Investir em educação integral, saúde pública, cultura e perspectivas de vida é a forma mais eficaz de romper o ciclo da violência.

Somos enfaticamente contra o crime organizado, que hoje se estrutura como uma verdadeira empresa multinacional, lançando seus tentáculos inclusive sobre o Poder Público, notadamente no Executivo e Legislativo. Mas o combate a essas organizações não pode, e não deve, ocorrer por meio de massacres em áreas populares. Não existe pena de morte no Brasil — nem para criminosos, que devem ser responsabilizados judicialmente e presos, nem para policiais, nem para a população. O combate deve ser feito com corte do fluxo de caixa, ataque às redes de lavagem de dinheiro e asfixia ao financiamento do tráfico.

A inteligência nas investigações e o sufocamento financeiro são os instrumentos capazes de enfraquecer as facções criminosas.

O governador do Estado precisa ser cobrado e responsabilizado, política e legalmente, por mais essa tragédia que envergonha o Rio de Janeiro. Jogar pobres contra pobres, colocando em risco tanto moradores quanto policiais, em operações de claro viés eleitoreiro, é perverso e desumano. A política de extermínio não é solução — é barbárie institucionalizada.

Por vidas negras, por vidas faveladas, por vidas de policiais, por um Rio de Janeiro que substitua a morte pela esperança, o SISEJUFE reafirma:

NÃO HÁ SEGURANÇA PÚBLICA SEM JUSTIÇA SOCIAL.

SISEJUFE

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