Diretora do Sisejufe, Neli Rosa, participa do ato e cobra valorização profissional da mulher negra
O figurino foi escolhido especialmente para o ato que era esperado com grande expectativa pela diretora do Sisejufe Neli Rosa. Com um turbante na cabeça e um vestido com motivos africanos, a dirigente sindical e ativista participou nesta quarta-feira (18/11) da 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. A caminhada, que percorreu as principais ruas da capital federal, reuniu mais de 10 mil ativistas de todo o país. “Não esperávamos que a marcha fosse tão grandiosa. Tenho certeza que será a primeira de muitas outras que virão e que seremos vistas com outros olhos, com mais respeito”, disse Neli.
Mulheres unidas com o mesmo objetivo: cobrar políticas públicas de promoção da igualdade e chamar a atenção para o combate à discriminação. Dados do último Censo (2010) mostram que as mulheres negras são as maiores vítimas de crimes violentos. Para a dirigente sindical, a luta contra a discriminação racial avançou, mas mudanças ainda se fazem necessárias: “Além da questão da violência, somos pouco valorizadas como profissionais”, lamenta.
A marcha contou com a presença de personalidades políticas, como a deputada federal Benedita da Silva e a subsecretária de Inclusão Produtiva da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro, Jurema Batista. Benedita defendeu maior atenção às mulheres negras com mais de 60 anos. “Queremos envelhecer com dignidade”, afirmou.
O ato, que seguia de forma pacífica, acabou com o lançamento de bombas de efeito moral contra as manifestantes e tiros disparados para o alto em frente ao Congresso Nacional. A confusão aconteceu quando o grupo se aproximou de um dos acampamentos em frente ao Legislativo onde estão agrupados militantes pró-intervenção militar, que pedem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
“É lamentável que um evento tão bonito e bem organizado tenha sido prejudicado pela intolerância”, concluiu Neli Rosa.