A servidora do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) Tifany Fiks participou da audiência pública na Comissão de Direitos Humanos que debateu previdência e trabalho, no dia 2 de setembro. A funcionária pública, portadora de esclerose múltipla há 24 anos, fez um apelo aos senadores.
“Eu poderia me aposentar hoje por invalidez, já que a esclerose múltipla me dá esse benefício, pela Lei 8.112, por todas as limitações que eu tenho, os problemas secundários que a doença e os tratamentos me causaram e as dores que sinto. As regras atuais me garantem proventos integrais, mas quero continuar trabalhando enquanto eu consigo. Porém, preciso de garantias de que conseguirei me sustentar no futuro. Eu quero trabalhar, mas estavam querendo que eu escolhesse entre ficar em depressão por ter largado minha carreira ou me aposentar daqui a alguns anos e ficar em depressão por não conseguir pagar minhas contas”, ressaltou a servidora.
Tifany lembrou que a Reforma da Previdência pode mudar a integralidade dos proventos. Segundo a servidora, muitas pessoas com doenças degenerativas e até associações sequer sabiam do que se tratava esse trecho da reforma, achando que proposta não iria afetá-los.
“Caso ela passe, eu preciso de pelo menos algo paralelo que me garanta a integralidade urgentemente. Eu queria sair daqui com essa garantia. Eu quero sobreviver de maneira digna, com os cuidados necessários”, apelou aos presentes.
O senador Paulo Paim, que estava presidindo a audiência pública, declarou apoio à servidora.
“Esse foi um depoimento do mundo real, dessa jovem, servidora do TRT, que luta pelo direito à aposentadoria integral. A outra lei vai tirar o direito dela. Vamos apresentar, fruto dessa audiência, uma emenda específica para beneficiar todos que estão em situação semelhante. Essa emenda vai se chamar Tifany Fiks, se você permitir. Vamos fazer nossa parte. A emenda será apresentada. Espero que os senadores tenham a sensibilidade para aprová-la”, disse Paim.
De acordo com Tifany, foi incluída na PEC paralela a integralidade para deficientes com doença degenerativa, porém agora o texto vai para a Câmara dos Deputados.
Tifany ressalta, ainda, que nas três vezes em que esteve no Senado, foi com recursos próprios. “Quantas vezes mais eu tiver que ir à Câmara, irei”, desabafou.
A servidora acrescentou: “nenhuma associação se manifestou, nem de doenças degenerativas, seja esclerose múltipla, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica ou de Direitos Humanos. Será que essas pessoas até agora não sabem? Será que os advogados dessas pessoas não sabem?”.
E no fim, lamentou: “tantas pessoas acometidas por essas doenças e que podem ser prejudicadas, defensores de tais pessoas e instituições, não há ninguém que possa estar ao meu lado? Acabou o amor ao próximo definitivamente! Sou só uma andorinha…”