Um levantamento inédito do Instituto Nacional de Câncer (Inca), com pacientes do Instituto, revelou que as próprias mulheres estão identificando, na maior parte dos casos, os sinais e sintomas do câncer de mama. Com esse cuidado, conseguem detectar a doença em seu estágio inicial e intermediário, quando as chances de sobrevida são maiores. Os dados da pesquisa foram divulgados no último dia 6 de outubro, durante o lançamento da campanha Outubro Rosa.
De acordo com a pesquisa, a doença foi percebida pela primeira vez pelas próprias pacientes, em 66,2% dos casos. O autoexame é o grande responsável pelo diagnóstico precoce. O percentual de mulheres que identificou a doença por meio da mamografia ou de outro exame de imagem foi de 30,1%, enquanto em apenas 3,7% dos casos a suspeita inicial foi de um profissional de saúde. Ou seja, em dois terços do total, a própria mulher percebeu alterações na mama como possível sinal de um câncer de mama.
A prevenção e a prática do autoexame são hoje estimuladas todos os anos em campanhas como o Outubro Rosa. O Sisejufe está participando desse movimento e lançou o Outubro Rosa e Novembro Azul: DAP promove atividade de conscientização. A atividade acontecerá na reunião do Departamento dos Aposentados (DAP), na próxima terça-feira, 25 de outubro, a partir das 15h, no auditório do Sindicato.
Como parte da atividade, convidamos a enfermeira e técnica em enfermagem do trabalho Thais Vieira que conversará com os presentes sobre o autoexame, fatores de risco e as formas de prevenção da doença. A atividade é aberta a todos os servidores. Além do câncer de mama, a especialista vai abordar também o câncer do colo de útero, de próstata, peniano e também o de mama em homens.A redação do Sisejufe realizou uma breve entrevista com Thais, adiantando um pouquinho das informações, dados e formas de prevenção que serão apresentados durante o evento.
Sisejufe – Quais os principais fatores de risco para a mulher em relação ao câncer de mama?
Thais Vieira – O câncer de mama é um crescimento desordenado de células, assim como os demais tipos de tumores. São fatores de risco o fumo, o consumo de álcool, mulheres que não amamentaram. Tiveram filhos, nas não quiseram amamentar ou ainda não tiveram filhos. O uso de anticoncepcional continuamente por muito tempo também é um fator de risco.
Sisejufe – Com relação ao uso do anticoncepcional, há um período máximo a partir do qual já existe o risco, ou uma idade mínima ou máxima para o uso?
Thais Vieira – Tem a idade. O mais comum é que mulher comece a realizar os exames periodicamente, é a partir dos 40 anos, mas o ideal que o autoexame seja feito ainda jovem, a partir dos 25. O anticoncepcional entra como fator de risco por conta das alterações hormonais que acontecem ao longo das fases da vida da mulher, especialmente após os 40 anos.
Sisejufe – Quais seriam os hormônios alterados nesse período?
Thais Vieira – O estrogênio e a progesterona. O anticoncepcional usado por um período longo atuaria na alteração desses hormônios. A mulher quando está entrando na menopausa, com seus hormônios em processo de alteração, pode sofrer os efeitos do uso prolongado do anticoncepcional nos anos anteriores ou mesmo nesse período. O ideal é sempre o acompanhamento médico.
Sisejufe – Haveria alguma faixa etária em que o anticoncepcional não seria um fator de risco, antes dos 40, por exemplo?
Thais Vieira – Não. A questão é apenas não fazer um uso prolongado, bem prolongado mesmo, por mais de dez anos contínuos, por exemplo. A maior incidência do tumor de mama é a partir dos 40 anos, sendo bem raro na faixa anterior aos 35.
Outra observação importante é que a mulher deve levar em conta casos desse tipo de câncer na família, em antecessores mais diretos, como mãe, irmã ou filha. Quem tem esse fator de risco, que é congênito, tem que se preocupar um pouco antes, fazendo exames antes mesmo dos 35 anos.
Sisejufe – Com relação ao risco familiar, a atenção é apenas com as primeiras gerações, antecessoras ou descendentes?
Thais Vieira – Sim, apenas mãe, irmã ou filha. Casos de câncer em avós, tias ou gerações antecedentes não são considerados pelos médicos algo para ser investigado com a mesma atenção, apenas as parentes bem próximas.
Sisejufe – Como está a frequência da procura das mulheres por atendimento para prevenção ao câncer de mama?
Thais Vieira – A última atualização dos dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) aponta mais de 5 mil casos sendo tratados atualmente, no estado do Rio. São dados de janeiro deste ano. Mas é o câncer que mais mata no Brasil. Os números chegam a quase 60 mil em todo o País. Como demonstra o próprio Instituto, o índice de mulheres que procuram o atendimento médico após realizarem o autoexame e identificarem os diagnósticos precoces da doença tem crescido bastante.