O colunista Felipe Costa, que escreve para a editoria “Bem Estar”, da revista Isto É, publicou nesta quarta-feira, 21/02, um artigo falando sobre a longevidade das pessoas das pessoas com deficiência e toda a questão da acessibilidade que é fundamental nesse processo. Bem pertinente o texto e toda a reflexão que ele nos traz. Por isso, compartilhamos aqui com vocês!
Olá, querido leitor! Hoje, quero conversar com você sobre algo que é de extrema importância: o aumento da longevidade das pessoas com deficiência, e como isso está relacionado com o aumento da preocupação com a acessibilidade em geral e como é um fator crucial para validar esse contexto.
Eu, pessoalmente, acredito que a acessibilidade e a inclusão vem sendo colocadas nos holofotes (o que sim, é uma conquista e devemos aproveitar para intensificá-la), muito decorrente do envelhecimento da população, mas também relacionado ao crescente aumento da expectativa de vida das pessoas com deficiência.
Venho aqui tentar desmistificar a visão não realista sobre a pessoa com deficiência sempre relacionada a doenças e comorbidades associadas a partir da deficiência. A verdade é que a deficiência, seja ela física, sensorial, intelectual ou mental, não limita a capacidade de uma pessoa contribuir significativamente para a sociedade. Pessoas com deficiência podem levar vidas plenas, ricas e produtivas, desde que tenham acesso às ferramentas e recursos necessários para superar barreiras. Além disso, a promoção à inclusão deve ser uma realidade e esses “acessos” sigam contribuindo para o aumento da expectativa de vida dessa população.
À medida que avançamos em idade, todos nós, independentemente de termos ou não uma deficiência, começamos a pensar mais sobre saúde e bem-estar.
Mas você já parou para pensar em como esse processo de envelhecimento pode ser diferente para quem tem uma deficiência?
O aumento da expectativa de vida de pessoas com deficiência é um fenômeno que reflete avanços significativos em diversos campos, como a medicina, a tecnologia e as políticas de inclusão.
Estudos indicam que a expectativa de vida de pessoas com certas deficiências tem aumentado nas últimas décadas, graças a melhorias na assistência médica, na tecnologia assistiva e na acessibilidade. Por exemplo, pessoas com síndrome de Down têm visto um aumento significativo em sua expectativa de vida, de cerca de 25 anos na década de 1980 para 60 anos ou mais hoje, de acordo com organizações como a Down Syndrome Association (DSA) no Reino Unido.
No entanto, para entender completamente o impacto dessas mudanças, é importante considerar o contexto geral da pessoa com deficiência em uma sociedade que ainda está em processo de adaptar-se para ser verdadeiramente inclusiva, nos fazendo refletir sobre a importância de se falar e promover a acessibilidade e inclusão.
Alguns avanços conquistados nas últimas décadas têm contribuído para esse aumento, como por exemplo, os avanços médicos que têm desempenhado um papel crucial em aumentar a expectativa de vida de pessoas com deficiência. Isso inclui desde o diagnóstico e tratamento precoce de condições comórbidas até intervenções cirúrgicas inovadoras e terapias personalizadas.
A tecnologia assistiva também tem sido um fator transformador, permitindo maior independência e qualidade de vida. Dispositivos de mobilidade, software de comunicação adaptativa e tecnologias de acesso ao computador são apenas alguns exemplos de como a tecnologia pode ajudar a superar barreiras físicas e cognitivas, promovendo uma maior inclusão em todas as áreas da vida, desde a educação até o emprego.
Melhorias na acessibilidade física e digital, juntamente com políticas públicas focadas na inclusão, têm aberto novas oportunidades para pessoas com deficiência. Leis e regulamentos que promovem a inclusão educacional, a igualdade de oportunidades de emprego e o direito a serviços de saúde adequados são fundamentais para apoiar a vida independente e a participação plena na sociedade.
A atividade física tem um papel fundamental para melhorar a qualidade de vida e aumentar a expectativa de vida de pessoas com deficiência, oferecendo benefícios significativos como a melhoria da função cardiovascular, aumento da força muscular, melhoria na coordenação e flexibilidade, além de contribuir para a saúde mental e a socialização.
Exercícios adaptados e programas de atividade física especialmente projetados, podem ajudar a mitigar algumas das condições crônicas de saúde que são mais prevalentes nesta população, reduzindo o risco de doenças secundárias, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. Além disso, a inclusão em atividades físicas promove a autoestima, a independência e a integração social, fatores que são essenciais para uma vida longa e saudável.
Portanto, encorajar e facilitar o acesso a oportunidades de atividade física para pessoas com deficiência é uma estratégia chave para promover sua saúde e bem-estar, contribuindo assim para o aumento da expectativa de vida nesta população.
Apesar desses avanços, pessoas com deficiência ainda enfrentam desafios significativos. O estigma e a discriminação continuam a ser barreiras importantes, assim como a falta de recursos em áreas, como educação inclusiva, emprego qualificado e suporte à saúde mental. Além disso, as necessidades das pessoas com deficiências severas ou múltiplas, bem como das que envelhecem, exigem atenção especial e uma abordagem mais individualizada.
O aumento da expectativa de vida para pessoas com deficiência é uma conquista a ser celebrada, mas também destaca a necessidade contínua de construir uma sociedade mais inclusiva que valorize a contribuição de todos. Isso envolve não apenas continuar a promover avanços em medicina e tecnologia, mas também garantir que as políticas e práticas sociais estejam alinhadas com os princípios da igualdade e da dignidade para todos.
A jornada em direção à inclusão total é complexa e multifacetada, exigindo um compromisso coletivo para abordar não apenas as necessidades imediatas, mas também os desafios estruturais de longo prazo que ainda permanecem.
No entanto, é crucial notar que ainda existem disparidades significativas na expectativa de vida entre pessoas com e sem deficiência, e mesmo entre diferentes comunidades de pessoas com deficiência. Questões como pobreza, falta de acesso a cuidados de saúde de qualidade, discriminação e exclusão social podem influenciar negativamente a saúde e a longevidade das pessoas com deficiência.
Em resumo, embora esses avanços tenham contribuído para as evidências de aumento na expectativa de vida para algumas populações com deficiência, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as pessoas com deficiência possam viver vidas longas, saudáveis e plenas. Promover o acesso e inclusão talvez seja o melhor caminho para garantir uma velhice mais ativa e saudável para todos.
Vamos juntos nessa?
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