Por Alexandre Marques*
A contradição no Tribunal Superior do Trabalho (TST) salta aos olhos. Enquanto servidores veem seus planos de saúde sendo ameaçados por cortes e reajustes que comprometem o orçamento familiar, os ministros desfrutam de mordomias milionárias, que vão desde a renovação da frota de carros de luxo até o acesso a sala VIP exclusiva no aeroporto de Brasília.
A política de custeio da saúde dos servidores enfrenta um cenário de defasagem crônica: o valor repassado pelo tribunal não acompanha a escalada dos preços praticados pelos planos, obrigando milhares de trabalhadores a arcar com custos cada vez mais pesados. Para muitos, manter a cobertura médica já se tornou um desafio.
Em contrapartida, a administração do TST não hesita em liberar recursos para o conforto da cúpula. Recentemente, a compra de novos veículos de alto padrão para uso dos ministros foi anunciada, em meio a benefícios que incluem acesso privilegiado à sala VIP no aeroporto de Brasília – regalias que contrastam brutalmente com a realidade de quem sustenta a máquina do Judiciário no dia a dia.
A discrepância é evidente: enquanto se alega falta de orçamento para garantir um plano de saúde digno para servidores e seus dependentes, não há a mesma cautela quando se trata de garantir luxo e status às autoridades.
Esse modelo de gestão evidencia uma hierarquização perversa dentro da própria Justiça do Trabalho, onde a dignidade dos trabalhadores parece ser menos importante que os caprichos da cúpula. É a reprodução, dentro do tribunal que deveria zelar pelos direitos sociais, da mesma lógica de desigualdade que assola o país.
Mais do que nunca, é preciso que a sociedade questione: de que lado está a Justiça do Trabalho? Do lado da valorização de seus servidores ou da manutenção de privilégios para poucos?
*Alexandre Marques é assessor institucional do Sisejufe e da Fenajufe