Amar, ir à praia, conversar com um amigo na porta de casa. Essas foram algumas das respostas que os adolescentes da comunidade da Maré deram ao serem perguntados sobre o que a expressão direitos humanos dizia a cada um deles. O resultado deste trabalho de reflexão e fotografia é a exposição Pipas da Maré, que está no Centro Cultural da Justiça Federal até domingo (23/9), das 12 às 19h.
A professora da UFRJ Vanessa Berner contou como esse projeto de extensão foi desenvolvido na mesa que tratou de Cultura e Arte, mediada pela professora Ângela Roberti, da Uerj, nessa quinta-feira (20/9) no seminário Direitos Humanos em Perspectiva que está sendo realizado no Centro Cultural da Justiça Federal.
A partir da teoria crítica, o projeto de extensão incentivou o “fazer humano”, que define o que comumente é chamado de dignidade, finalidade última dos direitos humanos. “Quem faz os direitos humanos acontecerem na vida não é o Poder Judiciário, nem os teóricos, nem os legisladores, mas sim os movimentos sociais”, pontuou.
A professora Miriam Halfim falou sobre a peça Meus 200 Filhos, de sua autoria, que faz parte da programação paralela do seminário. O espetáculo que está em cartaz no Centro Cultural, dirigido por Ary Coslov, narra a vida de Janusz Korczak, que dirigiu um orfanato durante trinta anos em Varsóvia, e morreu, junto com as crianças que cuidava, em um campo de concentração em 1942. Seu livro O Direito da criança ao respeito (1929) foi a base adotada pela ONU para a formulação da declaração dos direitos das crianças, como parâmetro de atuação mundial para a infância. Miriam acredita que só a partir da educação das crianças é possível mudar a realidade que vivemos atualmente.
Todas as constituições modernas tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, destacou a professora Patricia Dusek, da Unisuam. O documento garante, em seu Artigo 27, que todos têm o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade. Nesse sentido, o direito à cultura é garantido pela Constituição brasileira. “A cultura é essencial para a formação da criança e para o entendimento do adulto sobre o mundo em que vive”, destacou.
“Se os artistas estão entre os principais alvos de um estado de exceção, devem ter alguma importância”, levantou o cartunista Andre Dahmer. Ele desenvolveu charges para ilustrar a campanha Direitos Não se Liquidam em 2018, da Anistia Internacional. As peças, que preservam o traço único e o humor afiado do autor, questionam o atual contexto de retrocessos de direitos humanos vivido no Brasil e trazem um apelo do artista para a necessidade de nos mobilizarmos a favor dos nosso direitos já assegurados.
Na abertura da mesa, a diretora-executiva do Centro Cultural, Maria Geralda de Miranda, destacou o caráter político do seminário, motivado pelos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em sintonia com a Agenda 2030 da ONU.
Confira a programação completa do Seminário no site www.ccjf.trf2.jus.br