Ela é assinada por 35 entidades do movimento social e popular. Elas propõem a realização urgente de uma reunião nacional, envolvendo governos estaduais, prefeitos das principais capitais, e os movimentos sociais, como forma de encontrar saídas para enfrentar a grave crise urbana que atinge nossas grandes cidades.
Cara Presidenta,
O Brasil presenciou, nesta semana, mobilizações que ocorreram em 15 capitais e centenas cidades. Concordamos com suas declarações que afirmam a importância para a democracia brasileira dessas mobilizações, cientes que as mudanças necessárias ao país passarão pela mobilização popular.
Mais que um fenômeno conjuntural, as recentes mobilizações demonstram a gradativa retomada da capacidade de luta popular. É essa resistência popular que possibilitou os resultados eleitorais de 2002, 2006 e 2010. Nosso povo, insatisfeito com as medidas neoliberais, votou a favor de um outro projeto. Para sua implementação, esse outro projeto enfrentou grande resistência principalmente do capital rentista e setores neoliberais que seguem com muita força na sociedade.
Mas, enfrentou também os limites impostos pelos aliados de última hora, uma burguesia interna, que na disputa das políticas de governo, impede a realização das reformas estruturais, como é o caso da reforma urbana e do transporte público.
A crise internacional tem bloqueado o crescimento e com ele, a continuidade do projeto que permitiu essa grande frente que, até o momento sustentou o governo.
As recentes mobilizações são protagonizadas por um amplo leque da juventude que participa pela primeira vez de mobilizações. Esse processo educa aos participantes permitindo-lhes perceber a necessidade de enfrentar aos que impedem que o Brasil avance no processo de democratização da riqueza, do acesso à saúde, à educação, à terra, à cultura, à participação política, aos meios de comunicação.
Setores conservadores da sociedade buscam disputar o sentido dessas manifestações. Os meios de comunicação buscam caracterizar o movimento como anti-Dilma, contra a corrupção dos políticos, contra a gastança pública e outras pautas que imponham o retorno do neoliberalismo. Acreditamos que as pautas são muitas, como também são as opiniões e visões de mundo presentes na sociedade. Trata-se de um grito de indignação de um povo historicamente excluído da vida política nacional e acostumado a enxergar a política como algo danoso à sociedade.
Diante do exposto nos dirigimos a V. Ex.a para manifestar nosso pleito em defesa de políticas que garantam a redução das passagens do transporte público com redução dos lucros das grandes empresas. Somos contra a política de desoneração de impostos dessas empresas.
O momento é propício para que o governo faça avançar as pautas democráticas e populares, e estimule a participação e a politização da sociedade. Nos comprometemos em promover todo tipo de debates em torno desses temas e nos colocamos à disposição para debater também com o poder público.
Propomos a realização, com urgência, de uma reunião nacional, que envolva os governos estaduais, os prefeitos das principais capitais, e os representantes de todos os movimentos sociais. De nossa parte, estamos abertos ao diálogo, e achamos que essa reunião é a única forma de encontrar saídas para enfrentar a grave crise urbana que atinge nossas grandes cidades.
O momento é favorável. São as maiores manifestações que a atual geração vivenciou e outras maiores virão. Esperamos que o atual governo escolha governar com o povo e não contra ele.
Assinam: ADERE-MG; Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG); AP – Assembleia Popular; Barão de Itararé; CIMI; CMP-MMC/SP; CMS; Coletivo Intervozes; CONEN; Consulta Popular; CTB; CUT; Fetraf; Fórum Ecumênico ACT Brasil; FNDC- Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação; FUP; KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço; Levante Popular da Juventude; MAB; MAM; MCP; MMM; Movimentos da Via Campesina; MPA; MST; Quilombo; Rede Ecumênica de Juventude (REJU); SENGE/PR; Sindipetro – SP; SINPAF; UBES; UBM; UJS; UNE;/ UNEGRO