Comunidade indígena convoca a todos para lotarem as galerias da Câmara na quinta-feira, 20/12, às 14h, quando o projeto poderá voltar ao plenário
A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou hoje, por 26 a favor e nenhum contrário, alcançando o quorum mínimo, o tombamento da Escola Municipal Friedebreich, que faz parte do Complexo do Maracanã. Mas faltou quorum para aprovar o tombamento do antigo Museu do Índio. O projeto pelo tombamento do prédio, construído no século XIX , obteve 22 votos.
Mas a matéria deverá ser retomada na quinta-feira (20/12), último dia de funcionamento da Câmara, antes do recesso de Natal. A comunidade indígena e os aguerridos apoiadores da causa prometem lotar as galerias e convidam a todos os simpatizantes para comparecerem à sessão, a partir das 14 horas.
Nas galerias, a torcida era pela cultura e a educação, mas a comemoração, por enquanto, ficou pela metade. A luta é pela preservação da escola e do museu. Cultura e educação não podem ser demolidas, para dar passagem à especulação imobiliária. O projeto 1536/12, que propõe o tombamento do antigo museu, uma bela construção com valor arquitetônico, é de autoria dos vereadores Reimont (PT), Eliomar Coelho (PSOL) e Brizola Neto (PDT).
Apesar da falta de quórum, a esperança de reverter essa indiferença pela valorização das nossas raízes e da identidade nacional ainda se mantém de pé. Mas sensibilizar os vereadores vai depender de muita mobilização e da presença nas galerias da Câmara na próxima quinta-feira. Nesta terça (18/12), depois de votar os temas que lhes interessavam, a maior parte preferiu não se comprometer e se retirou do plenário.
A comunidade indígena considera importante o tombamento, por vários aspectos. O imponente prédio da Aldeia Maracanã foi o primeiro museu do índio construído no Brasil. Naquele casarão chegou o morar o Marechal Cândido Rondon, que se revoltou contra o massacre dos Bororo, no século passado, e se tornaria um dos mais ardorosos defensores dos nossos índios.
Em 1939, Rondon presidiu o Conselho Nacional de Proteção ao Índio. Em 1952, Rondon apresentou ao Presidente Getúlio Vargas o projeto de criação do Parque do Xingu e testemunhou a criação, sob sua inspiração direta, do Museu do Índio – hoje Aldeia Maracanã- destinado a coletar material sobre as culturas indígenas, produzir conhecimento e repassá-lo à sociedade brasileira como forma de combater os preconceitos existentes contra os indígenas. Darcy Ribeiro foi o primeiro diretor do museu.
Desde que o museu foi desativado no Maracanã, índios de várias etnias passaram a ocupá-lo, simbolicamente, para reavivar os objetivos que inspiraram a sua criação. Os nossos índios têm sido extremamente perseguido nos últimos anos, sobretudo na região do agronegócio e nunca precisaram tanto dar visibilidade para a sua arte, a sua importante contribuição cultural e para um saber ainda desconhecido da dita civilização branca, mas valioso demais para ser pisoteado por tratores e retroescavadeiras.
Nos últimos dias, em nome da prefeitura árvores têm sido arrancadas, paredes derrubadas. Prédios ameaçados no Complexo do Maracanã: mas, depois que a Copa do Mundo passar, o que vai sobrar? Vale a pena destruir as raízes do Brasil, em troca do enriquecimento de alguns empreiteiros?
Quem apoia a valorização da nossa cultura e identidade está convidado: dia 20, às 14h, vamos lotar as galerias da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e aplaudir o tombamento do belo prédio da Aldeia Maracanã!
Fonte: Agência Petroleira de Notícias (Por Fatima Lacerda)