Enquanto nossas dirigentes seguem em Brasília fazendo articulações no Congresso Nacional para garantir a aprovação do projeto recomposição salarial (PL 4750/2025) no Senado, a assessoria parlamentar do Sisejufe se debruçou na missão de analisar em detalhes os argumentos falaciosos dos deputados federais que votaram contra a proposta na votação da Câmara. O texto foi aprovado na terça-feira (4/11) com 299 votos favoráveis, 119 contrários e 4 abstenções — além de 89 deputados ausentes.
Vale lembrar que o reajuste aprovado não representa aumento de despesa, mas apenas reposição das perdas inflacionárias acumuladas nos últimos anos. Os valores serão pagos em três parcelas de 8%, nos anos de 2026, 2027 e 2028, dentro do orçamento já previsto do Judiciário. Mesmo assim, a maioria da bancada do PL e todo o Partido Novo votaram contra os servidores.
Entre os partidos com mais votos contrários, o PL lidera: foram 58 votos “não” e apenas 10 “sim” entre os deputados da legenda de Jair Bolsonaro. No Novo, todos os parlamentares votaram contra o projeto, repetindo o discurso de “equilíbrio fiscal” usado para atacar o serviço público. (leia a lista completa ao final da matéria)
Ataque ao serviço público e defesa do privilégio do mercado
Alguns dos votos contrários vieram acompanhados de falas que distorcem o teor da proposta, de acordo com análise do assessor parlamentar e institucional do Sisejufe, Alexandre Marques.
Alexandre destaca as declarações dos parlamentares Luiz Lima (NOVO/RJ), Marcel Van Hattem (NOVO/RS) e Rodrigo da Zaeli (PL/MT), que foram à tribuna defender o voto contrário; e de Caroline de Toni (PL/SC), que produziu Fake News na rede social X. “Eles evidenciam um discurso recorrente de criminalização do serviço público e de desinformação sobre o papel do Estado e dos servidores públicos na sociedade brasileira”, aponta Marques.
Ao afirmarem que os servidores “vivem em uma bolha”, “são privilegiados” ou que “o Estado existe para servir ao cidadão, não para sustentar privilégios”, os parlamentares desconsideram que o serviço público é o instrumento concreto pelo qual o Estado serve à população. São as servidoras e os servidores públicos que garantem a saúde, a educação, a segurança, a justiça, a previdência e as políticas sociais que beneficiam milhões de brasileiros e brasileiras, inclusive os mais pobres, que dependem exclusivamente dessas estruturas.
O discurso de que “o Brasil vai quebrar” por conta dos salários do funcionalismo é falacioso e ideologicamente orientado. Dados da própria Secretaria do Tesouro Nacional mostram que o gasto com pessoal da União se mantém estável há mais de uma década, e que o problema fiscal brasileiro está concentrado na estrutura tributária regressiva, que favorece os mais ricos e onera o consumo e o trabalho.
Chama a atenção, por exemplo, um trecho da fala de Rodrigo da Zaeli, em que o deputado declara que o reajuste beneficia “quem presta serviço aos ministros”, quando na verdade a imensa maioria dos servidores do Judiciário atende diretamente à população nas varas, fóruns e seções judiciárias em todo o país.
Já a deputada Caroline de Toni afirmou falsamente que o projeto “cria cargos e gratificações”. O texto trata exclusivamente da recomposição salarial, sem criação de cargos, nem aumento de estrutura. O reajuste apenas recompõe o poder de compra dos servidores, corroído pela inflação dos últimos anos.
Hipocrisia no discurso de austeridade e contenção de gastos
Além disso, é importante lembrar que os mesmos parlamentares que atacam o reajuste dos servidores públicos dispõem de amplas verbas de gabinete e altos salários pagos com recursos públicos:
- Luiz Lima (NOVO/RJ) – Gasto com verba de gabinete: R$ 1.306.959,87
- Rodrigo da Zaeli (PL/MT) – Gasto com verba de gabinete: R$ 1.272.766,51
- Caroline de Toni (PL/SC) – Gasto com verba de gabinete: R$ 974.474,47
- Marcel Van Hattem (NOVO/RS) – Gasto com verba de gabinete: R$ 1.119.817,84
- Salário mensal bruto de cada parlamentar: R$ 46.366,19
Esses números, disponíveis publicamente no portal da Câmara dos Deputados, demonstram que o discurso da austeridade e da contenção de gastos parece valer apenas para os servidores que garantem o funcionamento do Estado e não para os próprios parlamentares que os atacam.
“O combate à desigualdade não se faz reduzindo salários e direitos, mas valorizando o trabalho, fortalecendo o serviço público e construindo um Estado capaz de promover justiça social”, afirma o assessor parlamentar do sindicato.
Quem perdeu o voto da categoria
A postura de partidos como o PL e o Novo, contrários a um reajuste legítimo e orçamentariamente previsto, expõe o distanciamento desses parlamentares da realidade dos servidores e da população que depende do serviço público.
Saiba quem votou NÃO ao reajuste das servidoras e servidores do Poder Judiciário da União:
Delegada Ione (Avante/MG)
Amom Mandel (Cidadania/AM)
Any Ortiz (Cidadania/RS)
Arnaldo Jardim (Cidadania/SP)
Alceu Moreira (MDB/RS)
Delegado Palumbo (MDB/SP)
Luiz Fernando Vampiro (MDB/SC)
Pezenti (MDB/SC)
Adriana Ventura (Novo/SP)
Gilson Marques (Novo/SC)
Luiz Lima (Novo/RJ)
Marcel van Hattem (Novo/RS)
Ricardo Salles (Novo/SP)
Dorinaldo Malafaia (PDT/AP)
Adilson Barroso (PL/SP)
André Fernandes (PL/CE)
André Ferreira (PL/PE)
Capitão Alberto Neto (PL/AM)
Capitão Alden (PL/BA)
Carlos Jordy (PL/RJ)
Caroline de Toni (PL/SC)
Chris Tonietto (PL/RJ)
Coronel Chrisóstomo (PL/RO)
Daniel Agrobom (PL/GO)
Daniel Freitas (PL/SC)
Delegado Caveira (PL/PA)
Delegado Éder Mauro (PL/PA)
Delegado Paulo Bilynskyj (PL/SP)
Delegado Ramagem (PL/RJ)
Detinha (PL/MA)
Domingos Sávio (PL/MG)
Eli Borges (PL/TO)
Emidinho Madeira (PL/MG)
Eros Biondini (PL/MG)
Fernando Rodolfo (PL/PE)
Filipe Barros (PL/PR)
Filipe Martins (PL/TO)
General Girão (PL/RN)
General Pazuello (PL/RJ)
Gilvan da Federal (PL/ES)
Giovani Cherini (PL/RS)
Gustavo Gayer (PL/GO)
Helio Lopes (PL/RJ)
Jefferson Campos (PL/SP)
Joaquim Passarinho (PL/PA)
José Medeiros (PL/MT)
Josimar Maranhãozinho (PL/MA)
Julia Zanatta (PL/SC)
Junio Amaral (PL/MG)
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL/SP)
Marcelo Moraes (PL/RS)
Marcio Alvino (PL/SP)
Marcos Pollon (PL/MS)
Mauricio do Vôlei (PL/MG)
Nikolas Ferreira (PL/MG)
Osmar Terra (PL/RS)
Pastor Eurico (PL/PE)
Pastor Gil (PL/MA)
Paulo Freire Costa (PL/SP)
Pr. Marco Feliciano (PL/SP)
Professor Alcides (PL/GO)
Ricardo Guidi (PL/SC)
Roberta Roma (PL/BA)
Roberto Monteiro Pai (PL/RJ)
Rodolfo Nogueira (PL/MS)
Rosana Valle (PL/SP)
Rosângela Reis (PL/MG)
Sanderson (PL/RS)
Sargento Gonçalves (PL/RN)
Vinícius Gurgel (PL/AP)
Zé Trovão (PL/SC)
Zucco (PL/RS)
Mauricio Marcon (Podemos/RS)
Afonso Hamm (PP/RS)
Clarissa Tércio (PP/PE)
Covatti Filho (PP/RS)
Delegado Fabio Costa (PP/AL)
Dr. Luiz Ovando (PP/MS)
Evair Vieira de Melo (PP/ES)
Pedro Westphalen (PP/RS)
Silvia Cristina (PP/RO)
Socorro Neri (PP/AC)
Dr. Frederico (PRD/MG)
Fabiano Cazeca (PRD/MG)
Magda Mofatto (PRD/GO)
Duarte Jr. (PSB/MA)
Tábata Amaral (PSB/SP)
Célio Studart (PSD/CE)
Danrlei de Deus Hinterholz (PSD/RS)
Luciano Alves (PSD/PR)
Luisa Canziani (PSD/PR)
Reinhold Stephanes (PSD/PR)
Rodrigo Estacho (PSD/PR)
Sargento Fahur (PSD/PR)
Daniel Trzeciak (PSDB/RS)
Geovania de Sá (PSDB/SC)
Lucas Redecker (PSDB/RS)
Vitor Lippi (PSDB/SP)
Aluisio Mendes (Republican/MA)
Antonio Andrade (Republican/TO)
Franciane Bayer (Republican/RS)
Thiago Flores (Republican/RO)
Maria Arraes (Solidaried/PE)
Alfredo Gaspar (UNIÃO/AL)
Coronel Assis (UNIÃO/MT)
Coronel Ulysses (UNIÃO/AC)
Cristiane Lopes (UNIÃO/RO)
David Soares (UNIÃO/SP)
Dayany Bittencourt (UNIÃO/CE)
Dr. Zacharias Calil (UNIÃO/GO)
Fabio Schiochet (UNIÃO/SC)
Felipe Francischini (UNIÃO/PR)
Kim Kataguiri (UNIÃO/SP)
Marcos Soares (UNIÃO/RJ)
Maurício Carvalho (UNIÃO/RO)
Padovani (UNIÃO/PR)
Pastor Diniz (UNIÃO/RR)
Rodrigo Valadares (UNIÃO/SE)
Silvye Alves (UNIÃO/GO)