É incrível como não enxergamos, mas vemos um abismo nesta imagem do fotógrafo Pedro Conforte, registrada na praia de Icaraí, Niterói.
E se pudéssemos imaginar que, ao invés de cada um continuar seu caminho, promovêssemos um encontro neste dia 13 de maio? Essa data é marcada pela abolição da escravatura no Brasil, em 1888.
Talvez a primeira coisa a ser dita é que esse processo foi resultado de muita luta popular e não uma benesse do poder imperial, que contou com a adesão de parcelas consideráveis da sociedade brasileira, além de ter sido marcado pela resistência das pessoas que foram escravizadas.
Assim como hoje, a população negra foi abandonada pelos governos. Se atualmente uma significativa parcela da população não pode ficar em casa pela falta de condições financeiras, há pouco mais de 100 anos os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho, pontuou o sociólogo Florestam Fernandes. Foram abandonados à própria sorte.
Esse abandono, ecoa até hoje. Negros são minoria no ensino superior, nos espaços públicos de poder e em cargos de liderança. Entre os pobres, a maioria; e entre a população carcerária, os números só crescem. E quando alguém consegue alçar a voz, a resposta pode ser a morte.
Desde o início dos anos 1980, o dia 13 de maio é considerado pelo movimento negro como um dia nacional de luta contra o racismo. Exatamente para chamar atenção de que a abolição legal da escravidão não garantiu condições reais de participação na sociedade para a população negra no Brasil.
Se você fosse o corredor, o que responderia, o que faria? Ou continuaria sua atividade física como se nada estivesse acontecendo?
Viva Dandara! Viva Zumbi! Viva a Marielle Franco que vive em cada brasileira e brasileiro.
Com informações de Geledés