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Dia da Consciência Negra: uma data que nos pede reflexão e atitude

Pela primeira vez, a celebração é feriado nacional

O Dia da Consciência Negra (20/11) é uma data para celebrar a beleza, a força e a resistência do povo negro. É dia de nos fortalecermos para, juntas e juntos, seguirmos, sem descansar, lutando por um mundo antirracista. Um mundo igualitário e respeitoso para todo nós. Um mundo que valorize o ser humano pelo que ele é e não pela sua cor da pele.

Como já dizia Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”

Feriado nacional pela primeira vez 

O Dia da Consciência Negra foi instituído no Brasil pela lei nº. 12.519 de 10 de novembro de 2011. No entanto, somente este ano a data passou a ser feriado nacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei 14.759/2023, que colocou no calendário de feriados nacionais o Dia da Consciência Negra e o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares em dezembro do ano passado. Até então, apenas seis estados brasileiros e cerca de 1,2 mil cidades consideravam a data desta maneira. Isso significava que a folga dependia de uma lei estadual ou municipal.

Reflexões

A data é mais uma oportunidade que temos de chamar atenção para a importância da igualdade racial, além de ser um chamamento para a reflexão do passado, do presente e da necessidade de construção de ações afirmativas para garantir um futuro com equidade e oportunidades para todos e todas, de fato.

O Sisejufe reconhece que ainda há muitas desigualdades a serem superadas e enfrenta essa luta por meio do Departamento de Combate ao Racismo.

A importância de Zumbi

A data de 20 de novembro faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Ele comandou a resistência de milhares de negros contra a escravidão no Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas.

O Quilombo dos Palmares era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.

Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado ‘Francisco’, Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.

Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.

Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.

Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: “Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares.”

Zumbí ou “Eis o Espírito”, virou uma lenda e foi amplamente citado pelos abolicionistas como herói e mártir.

Várias referências nas artes fazem tributo a seu nome:

• Música composta por Edu Lobo e Vinicius de Moraes e popularizada por Elis Regina.

• Mencionado em diversas letras da banda Soulfly.

• Mencionado na música “Ratamahatta”, da banda Sepultura.

• Seu nome é dado a um lutador no jogo feito em Adobe Flash: Capoeira Fighter 2.

• Quilombo, 1985, filme de Carlos Diegues sobre o Quilombo dos Palmares, ASIN B0009WIE8E

• Gilberto Gil lançou um CD chamado “Z300 Anos de Zumbi”.

• A banda de nome Chico Science & Nação Zumbi (atualmente é chamada somente de Nação Zumbi, após a morte do vocalista Chico Science).

• Música de Jorge Ben também cantada por Caetano Veloso nos CDs Noites do Norte e Noites do Norte Ao Vivo.

• Música “300 anos” gravada por Alcione em 2007 (composta por Alty Veloso e Paulo César Feital).

• Nome do aeroporto de Maceió, Alagoas (Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares).

Imprensa Sisejufe, com informações de Geledés e BDF

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