O Sisejufe repudia a publicação do jornalista Ruy Castro, sob o título “Esconde-esconde com a lei”, originalmente publicado no jornal digital Folha de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (27/6) e posteriormente replicado no site da Academia Brasileira de Letras.
O reconhecido jornalista foi extremamente infeliz na abordagem do tema sobre o qual se propôs escrever. Utilizou diversas palavras de forma tecnicamente errada, levando o leitor mais desatento e com pouco conhecimento acerca das formalidades do processo judicial a acreditar que todos os Oficiais de Justiça de todas as Justiças do país inteiro levam anos para concretizar o cumprimento de todos os atos de comunicação processual.
O autor inicia seu texto fazendo uma pergunta que, na verdade, é uma afirmação genérica sobre o assunto – “Por que os oficiais de Justiça levam anos para encontrar alguém a quem têm que entregar uma intimação?” Porém, prossegue tratando especificamente de dois casos cujas partes são pessoas públicas. Se optou por tratar de casos específicos, deveria dirigir a pergunta aos advogados, juízes ou partes nos processos onde houve demora na comunicação processual. Mas se queria fazer uma afirmação genérica sobre a atividade de servidores públicos, deveria ter perguntado às assessorias de comunicação dos Tribunais sobre o prazo médio para se concretizar uma comunicação processual pessoalmente e daí partir para eventuais elocubrações acerca do trabalho dos Oficiais de Justiça do nosso país.
Não condiz com um conceituado autor de biografias fazer suposições sobre pessoas e seus trabalhos. No entanto, além de várias conjecturas erradas a respeito da atividade dos referidos servidores públicos, o escritor usou palavras ofensivas a todos os Oficiais de Justiça. No final, sugere inclusive que um repórter ou estagiário de jornalismo poderia fazer o trabalho de cumprimento de ordens judiciais mais eficientemente do que Oficiais de Justiça. Se o autor tomou a liberdade de fazer sugestões em relação ao trabalho alheio, então cabe aqui sugerir que ele que escreva um conto, crônica ou matéria sobre o trabalho dos Oficiais de Justiça, após consultar algum desses profissionais. Certamente, ficará surpreso com a quantidade de histórias interessantes.
Diante da demonstração de tanta falta de conhecimento pelo jornalista, é importante que as entidades de representação de servidores públicos se manifestem, pelo bem do serviço público. A disseminação de desinformação tem sido um meio usado por vários setores que apregoam o “estado mínimo” como solução para tudo. Usar problemas pontuais como exemplo para desorganizar, desregulamentar, precarizar o serviço público e tirar direitos dos cidadãos, com a privatização do Estado, é método que vem sendo aplicado das mais variadas formas e meios.
O Estado brasileiro pode não ser o melhor, mas é o nosso Estado. É com ele que a população conta tanto nas áreas da saúde e educação, como também na hora de buscar, pela via judicial, um direito que não foi atendido. Quando se ataca o serviço público ou descredibiliza servidores públicos genericamente, o alvo do ataque é a população como um todo.
Por isso não se pode permitir que um jornal da estatura da Folha de São Paulo, através de seus jornalistas, tente desmoralizar o Estado e as instituições brasileiras deliberadamente, sem que haja nenhuma oposição. Além disso, permitir que a Academia Brasileira de Letras mantenha em seu site um artigo com tantas desinformações, torna o texto ainda mais prejudicial, uma vez que dissemina inverdades com ares de cultura.
O Sisejufe convoca todas as entidades representativas dos servidores públicos a repudiar a publicação em comento e a buscar retratação e reparação pelos meios adequados.