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Salve 4 de janeiro, Dia Mundial do Braille

Nesta quinta-feira (4/1) celebramos o Dia Mundial do Braille. O Departamento de Acessibilidade e Inclusão (DAI) destaca a importância desta para dar visibilidade à luta das pessoas com deficiência visual.

Para o coordenador do DAI, Ricardo Soares, o sistema braille é uma daquelas criações mais perfeitas que um ser humano já pode criar. “Lá se vão quase dois séculos de sua existência e não há qualquer tecnologia tendente a substituí-lo. A perfeição de seu criador, Louis braille, foi incrível! Foi este sistema de escrita que libertou o deficiente visual e o lançou no mundo do conhecimento. Com a criação do braille, é colocado um fim no caminho da ignorância para as pessoas com deficiência visual. E o que ainda nos dá o maior sentimento de pertencimento é o fato de ter sido feito por uma pessoa cega, ou seja, foi o primeiro passo no sentido do cumprimento do lema ‘nada de nós sem nós’, antes mesmo dele ter sido instituído! Nós, pessoas com deficiência visual, precisamos render homenagens a este gênio da criação humana todos os dias de nossas vidas! Meu mais profundo e sincero agradecimento a ti, Luiz braille, pelo que sou e pelo que são e podem ser as pessoas com deficiência visual em suas vidas”, ressalta o dirigente.

O diretor Dulavim de Oliveira comenta: “O sistema Braille é algo que podemos chamar, simplesmente, de genial. É um sistema simples e eficiente. Ele utiliza apenas seis pontos, que podem ser combinados de várias maneiras para representar uma ampla gama de símbolos; é fácil de aprender. Mesmo crianças pequenas podem aprender a ler e escrever em Braille em pouco tempo; é universal. Ele pode ser usado para representar qualquer idioma”.

O sindicalista acrescenta que o sistema é uma invenção que mudou a vida de milhões de pessoas com deficiência visual. “Com ele, essas pessoas puderam ter acesso à educação, entretenimento, trabalho… Tiveram acesso ao magnífico mundo da leitura! É daquelas invenções, que outras invenções só vieram complementar. Se hoje o mundo é tecnológico, com seus computadores e afins de última geração, é o Braille que traz as letras na ponta do dedo das crianças cegas, e o mundo da leitura, conjugação perfeita para a inserção das pessoas com deficiência visual na vida cotidiana. A Louis Braille o meu agradecimento por esse sistema genial que me trouxe até aqui. Nada de nós sem nós, ele era um dos nossos”, diz Dulavim.

Compartilhamos, ainda, o excelente texto do professor Braillista Antônio Muniz. Leia abaixo:

A data, que passou a ser reconhecida a partir de 2018, foi instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em homenagem ao nascimento de Louis Braille, que aos 15 anos criou o sistema de escrita e leitura em relevo para as pessoas cegas e/ou com baixa visão, conhecido por método Braille. Esta celebração também relembra a importância de se assegurar formas de incluir estas pessoas no acesso aos livros e também na escrita já que, segundo a União Mundial de Cegos – UMC, apenas 5% dos livros em todo o mundo são transcritos para o Braille. Esse número cai para 1% em países mais pobres.

Quem foi Louis Braille

Louis Braille foi um educador e inventor francês que criou um sistema de leitura e escrita em relevo destinado a pessoas cegas e/ou com baixa visão. Ele nasceu em 4 de janeiro de 1809 em Coupvray, uma pequena cidade perto de Paris, e ficou cego aos três anos de idade após um acidente na oficina de seu pai, que trabalhava manufaturando artefatos de couro.

Leitura e escrita

Louis Braille demonstrou grande inteligência e aptidão para os estudos, especialmente para a música. Aos dez anos, obteve uma bolsa de estudos no Real Instituto dos Jovens Cegos de Paris, a primeira escola para cegos do mundo. Aprendeu a ler com os livros produzidos com base no sistema de Valentin Haüy, que consistia em letras convencionais grandes em alto-relevo, dispostas em folhas de latão. No entanto, esse método era limitado e não permitia a escrita manual.

Em 1821, Braille conheceu Charles Barbier, um capitão reformado do exército francês que havia desenvolvido um sistema de comunicação noturna baseado em pontos em relevo, chamado de escrita noturna ou sonografia. Barbier desejava adaptar seu sistema para a educação dos cegos, mas encontrou resistência dos professores do instituto, que preferiam o método de Haüy.

Sistema Braille

Luís Braille ficou fascinado com a ideia de Barbier e começou a trabalhar na simplificação e aperfeiçoamento de seu sistema. Reduziu o número de pontos de cada símbolo, de doze para seis, organizados em duas colunas de três pontos cada, e desenvolveu um código alfabético, numérico e musical.

A escrita braille é obtida, utilizando-se uma ferramenta chamada reglete, espécie de régua com duas ou mais linhas, formada por duas peças metálicas ou plásticas ligadas por uma dobradiça. A peça de cima contém diversos orifícios no formato retangular, enquanto que a de baixo contém, além de alguns pinos, diversas linhas, todas com orifícios correspondentes aos da primeira peça, só que não vazados, no formato da cela Braille. Entre elas, é presa uma folha de papel no formato 40 kg, onde, com o auxílio do punção, instrumento pontiagudo, se perfura o papel, obtendo-se desta forma os símbolos em relevo.

Para ler, as pessoas cegas e/ou com baixa visão usam o tato, passando os dedos sobre os pontos em relevo.

Em 1824, aos quinze anos, Louis Braille apresentou seu sistema aos colegas e professores do instituto, que o adotaram com entusiasmo. Em 1825, publicou a primeira edição do Sistema Braille, sendo a segunda e última edição publicada em 1837, que permanece inalterada.

Mesmo assim, o Sistema Braille não foi reconhecido oficialmente pelo governo francês até 1854, dois anos após a morte de seu criador.

Louis Braille faleceu em 9 de janeiro de 1852, aos 43 anos, vítima de tuberculose. Ele foi sepultado em sua cidade natal, mas, em 1952, seus restos mortais foram transferidos para o Panteão de Paris, como reconhecimento de sua criação, que abriu portas e janelas para as pessoas cegas e/ou com baixa visão de todo o mundo.

Braille no Mundo

Em 2019, a ONU, em parceria com a Organização Mundial da Saúde – OMS, estimou que cerca de 2,2 bilhões de pessoas convivem com deficiência visual ou cegueira.

Graças ao legado de seu criador, o sistema braille é usado por milhões de pessoas cegas ou com baixa visão, que assim podem ler e escrever em diferentes idiomas, bem como acessar às mais diversas disciplinas, como matemática, química, música e outras áreas do conhecimento.

Este revolucionário sistema também pode ser usado com o auxílio das novas tecnologias, como máquinas datilográficas Braille, impressoras Braille, linhas Braille, scanners, bem como por softwares que transformam texto para áudio, no computador ou no celular, sendo importante afirmar que, muito embora o áudio auxilie a pessoa cega e/ou com baixa visão no seu acesso à informação, nem de longe poderá substituir o sistema Braille, por ser este o único meio de leitura direta existente.

O Braille no Brasil

Em 1854, o Imperador D. Pedro II, atendendo a uma reivindicação do jovem cego José Álvares de Azevedo, cria, em 17 de setembro, no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que posteriormente passou a ser denominado Instituto Benjamin Constant, primeiro educandário do país e de toda a América Latina.

Segundo o levantamento feito pelo IBGE através do Censo de 2010, havia no Brasil cerca de 6 milhões e 500 mil pessoas com cegueira e/ou baixa visão, o que demonstra a imperiosa necessidade de se aprimorar políticas públicas destinadas a incluir este segmento da sociedade.

Imprensa Sisejufe com informações de Antônio Muniz, que é cego, professor Braillista do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual de Pernambuco – CAP/PE, membro da Comissão Brasileira do Braille, órgão de Assessoramento ao Ministério da Educação e integrante da Diretoria Executiva da Associação Pernambucana de Cegos (APEC).

#pratodosverem

Descrição da imagem em destaque: Card com pessoa segurando um caderno com escrita em braille, com o dedo em um trecho do texto. No topo, à esquerda, está escrito: 4 de janeiro – Dia Mundial do Braille e no rodapé à esquerda está a logo do DAI

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