Começou na noite desta quinta-feira, 23 de julho, a 23ª Plenária Nacional da Fenajufe com a presença do Sisejufe e mais 24 sindicatos de base, que irão debater, até domingo (26/11), o plano de lutas da categoria, carreira e os desafios para os próximos anos. Os participantes foram recebidos com uma emocionante apresentação de carimbó, com o grupo regional Carimbolando.
Aos 96 anos, a servidora aposentada do TRT8, Maria Adélia Mercês Oliveira, recebeu uma emocionante homenagem. Com uma salva de palmas, os participantes do evento saudaram sua dedicação na luta em defesa da categoria. Adélia é uma das fundadoras do Sindjuf-PA/AP, e mesmo aposentada, continua participando ativamente de atividades sindicais.
A abertura da Plenária foi conduzida pela coordenadora-geral da Federação e presidente do Sisejufe, Lucena Pacheco, que destacou a necessidade da categoria se unir em torno da construção de uma carreira forte e valorizada.
“A nossa carreira é construída com a participação de cada um de nós. A gente precisa ouvir todo mundo e é o que vem fazendo num crescente, nos encontros estaduais que a federação propôs aos sindicatos e no encontro nacional de carreira. A gente chega hoje na plenária para tratar não só da carreira, mas do fortalecimento das nossas entidades sindicais, em parceria com companheiros do serviço público nacional e internacional. A gente vai trazer a unidade e construir uma carreira forte para os servidores do Judiciário Federal e todo conjunto do funcionalismo para prestar um serviço público de qualidade para a população”, exaltou Lucena. Representam também o Sisejufe as coordenadoras Soraia Marca e Fernanda Lauria.
A Plenária, instância estatutária que discute a implementação e regulamentação das deliberações dos congressos da Federação, teve ainda na abertura a participação do coordenador-geral Fabiano Santos; do coordenador Paulo José da Silva; do presidente do Sindjuf PA-AP (anfitrião da plenária); e dos convidados internacionais Jorge Sotelo, da Federação do Judiciário da Argentina, e Pablo Elisalde, da Associação de Funcionários do Judiciário do Uruguai. Representando o prefeito de Belém do Pará Edmilson Rodrigues, estava o procurador-geral do município, Gustavo Brasil.
A mesa destacou a importância da união entre o conjunto do funcionalismo e demais trabalhadores para avançar nas lutas e conquistas.
Os participantes ressaltaram a necessidade de compreender a correlação de forças para sair da plenária com os rumos traçados das lutas que virão pela frente… sair com um debate que unifique e não divida.
Jorge Sotelo lamentou o resultado da eleição em seu país, a Argentina, com a vitória de Milei e disse que será necessário resistência para enfrentar o período, assim como o Brasil teve de fazer recentemente com Bolsonaro. Já o uruguaio Pablo Elizalde apontou que todos os trabalhadores e trabalhadoras precisam estar irmanados.
Conjuntura
Após a mesa de abertura, foi realizado painel “Atualidade e seus desafios: a situação das servidoras e servidores públicos do Brasil e a relação com a carreira e extinção de cargos no PJU e MPU, mediado pela coordenadora Soraia Marca.
Participaram do debate Carlos Maldonado, servidor público federal aposentado vinculado à UFRJ; Plinio de Arruda Sampaio, professor livre docente do Instituto de Economia da Unicamp; e Vladimir Nepomuceno, assessor e consultor de entidades sindicais.
Os palestrantes fizeram análise do cenário atual no país, após a derrota da extrema direita com a vitória do presidente Lula. De forma unânime, os convidados alertaram que apesar de o país ter trazido a esquerda de volta ao poder, o Congresso Nacional está mais conservador do que nunca. Eles apontaram que a conjuntura internacional com o avanço da extrema direita em alguns países também precisa ser acompanhado com atenção.
Os painelistas deram instrumentos para a categoria enfrentar os desafios que se impõem. O embate será duro, num contexto de destruição do serviço público com a ameaça da reforma administrativa. É preciso estar atento ao fato de que o Congresso não está favorável à classe trabalhadora.
Carlos Maldonado analisou a chegada de Lula ao governo que, segundo ele, não significa necessariamente a chegada ao poder.
“Chegar ao governo é igual chegar ao poder? Não, infelizmente não. Nesse sentido, a gente precisa avaliar a correlação de forças. A gente pode ter um momento em que a correlação de forças é favorável para os trabalhadores. O capital está em crise e não consegue demonizar as suas ações. A gente pode ter um segundo momento, de equilíbrio. Nem eles estão tão mal, nem a gente está tão bem. Esse é um momento em que há disputa. E a gente pode dar uma terceira hipótese, que é profundamente desfavorável à classe trabalhadora, onde o capital está em grande ofensiva e, nesses casos, normalmente ele também tem seus representantes governamentais. E é nesse momento que a gente costuma falar que resistir é preciso. E a pergunta é, a eleição do presidente Lula mudou a correlação de forças? Ela está favorável e equilibrada ou ainda desfavorável, embora melhor? Essa talvez seja a pergunta fundamental para vocês que precisam comandar a federação no próximo período, para pensar um plano de ação e conquistar todas as coisas que vocês vão discutir amanhã na mesa de carreira”, disse Maldonado.
O convidado lembrou que, embora Lula tenha ganhado as eleições, o Congresso Nacional ficou pior, ainda mais conservador e de direita. “Então, esperar que só Lula resolva os problemas é um erro que não pode ser cometido pela classe trabalhadora. Ou a classe se organiza, prepara as pautas, constrói unidade e vai para o confronto ou corre o risco de ser derrotada. É bom a gente cuidar das nossas responsabilidades. Esse processo é fundamental para o próximo período”, opinou.
Correlação e união de forças
Vladimir Nepomuceno também alertou para o fato de o governo não ter maioria no Legislativo. Segundo o especialista, o apoio de Lula não chega a 1/3 na Câmara e no Senado . “Eles podem impedir a aprovação das coisas que não os interesse. Não adianta pensar só no Executivo se há uma maioria conservadora no Congresso.
“Temos de discutir a correlação de forças e buscar a união de forças. As nossas forças têm de estar unidas contra as outras forças. Porque a disputa no mundo político é permanente. A gente tem que acompanhar tudo o que acontece. Eu faço uma citação do grande estrategista chinês Sun Tzu, que dizia que o melhor lugar para o inimigo é debaixo dos nossos olhos para que a gente possa saber cada movimento que ele faz”, avaliou Nepomuceno
O assessor sindical fez mais um alerta: “Do ponto de vista econômico, liberal, de gestão das despesas públicas, essa é a composição mais fiscalista que o Congresso já teve. Do ponto de vista de valores, costumes e comportamento, é o Congresso mais conservador que esse país já viu na República. Em alguns pontos, retrocedemos 120 anos. Do ponto de vista teológico, é o Parlamento mais à direita que esse país já teve. E do ponto de vista de direitos humanos, tratamento de setores considerados minorias e meio ambiente, é o Congresso mais atrasado que o Brasil já teve. Temos o Lula presidente, mas ele não governa sozinho. Precisamos nos juntar e criar a nossa força. Só desta forma vamos conseguir enfrentar a correlação de forças” concluiu Vladimir.
Para acompanhar a abertura da plenária na íntegra, clique neste link.
Programação de sexta
Nesta sexta-feira, 24/11, serão realizadas mesas sobre organização sindical; reestruturação das carreiras das servidoras e servidores do PJU e MPU; e opressões é assédio moral.
Veja alguns momentos da abertura: