As diretoras do Sisejufe, representantes de base e servidoras sindicalizadas estão engajadas na preparação para a Marcha das Margaridas desde o início do ano. Nesta quinta-feira (23/6) aconteceu mais um encontro importante. Nossas dirigentes receberam, no auditório do sindicato, mulheres da cidade, do campo e representantes de diversos movimentos e mandatos na atividade de formação organizada para trazer reflexões e debates sobre os temas que estarão em destaque no evento, que acontecerá nos dias 15 e 16 de agosto em Brasília.
As convidadas foram recebidas pela coordenadora do Departamento de Mulheres, Anny Figueiredo, pela presidenta do Sisejufe Eunice Barbosa, pela coordenadora da Fenajufe Lucena Pacheco e pela assessora política Vera Miranda.
“Nós, mulheres do Judiciário, saudamos a todos as mulheres do campo, da cidade, das matas por esse evento que nos une nos faz ter força para seguirmos adiante, mais preparadas para as atividades a Marcha das Margaridas”, afirmou Anny.
Na abertura da atividade, a representante da Marcha Mundial das Mulheres Ana Priscila Alves cantou com as convidadas, apresentou um vídeo e depois fez uma dinâmica de acolhimento chamada mística. Em roda, cada mulher aqueceu as mãos, simbolizando a chama da luta, para desejar à companheira ao lado proteção de uma parte do corpo que será usada durante a marcha. Depois, Ana contou o histórico da Marcha das Margaridas, lembrando a história de vida da militante Margarida Alves, os temas de cada edição e o deste ano: Margaridas pela reconstrução do Brasil e pelo bem-viver.
A militante explicou, ponto a ponto, a pauta de reivindicações, composta por 13 eixos, entre eles, democracia participativa e soberania popular; poder e participação política das mulheres; vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo; proteção da natureza com justiça ambiental e climática; autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética; democratização do acesso à terra; autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda; saúde, educação pública não sexista e antirracista; e acesso universal à internet.
“A gente marcha sempre nesse meio de agosto em homenagem à Margarida Alves, mulher, sindicalista, paraibana, que foi a primeira mulher presidente de um sindicato rural e isso pra gente não é pouca coisa. A gente tem essa relação muito forte de conexão do campo com a cidade porque a gente sabe que se o campo não planta a cidade não janta e a gente entende que essa é uma relação de soberania no nosso território, na nossa vida e no nosso corpo. Margarida Alves foi uma grande representante dessa luta e, por causa disso, ela foi assassinada na frente de seu companheiro e de seu filho num dia 14 de agosto. Então, sempre nesse meio de agosto a gente está reivindicando a sua memória. Essa é uma luta que foi pautada pelas mulheres do campo, agricultoras que são a maior força de trabalho rural do nosso país, mas vivem dificuldades de acesso à saúde, ao transporte, aparelhos públicos e condições de vida que são fundamentais para toda sociedade, inclusive para as mulheres. Isso está no centro da pauta da Marcha das Margaridas”, diz Ana, ressaltando que hoje a marcha é vista como a maior ação de força das mulheres e dos trabalhadores na América Latina.
Outra convidada, a secretária de Ambiente e Clima do município do Rio de Janeiro, Tainá de Paula, lembrou dos movimentos de luta das mulheres em cada edição da marcha; falou sobre o papel de resistência das mulheres nas principais mudanças políticas no país, desde o golpe que derrubou Dilma Rousseff, passando pela rejeição a Bolsonaro, até o papel decisivo na eleição do presidente Lula. Tainá ressaltou, ainda, que as mulheres são diversas e plurais e que é preciso enfrentar a discussão das mulheres negras e brancas; das mulheres cis e trans; e que todas precisam marchar juntas.
“É preciso afirmar as liberdades das mulheres. Essa liberdade é de raça, de gênero, do trabalho, no âmbito público e no âmbito privado… E não podemos na rua, nas lutas e no chão do nosso dia a dia, abrir mão da luta contra hegemônica e contra o capital. As mulheres são contra o capital e isso tem que fazer parte da marcha. As mulheres falam de vida, de justiça, de um bem-viver e de um modelo de planeta, de cidade e de floresta que as comporte. Então, portanto, as mulheres estão na vanguarda de futuro e na vanguarda da construção dos projetos de vida e de sociedade e podem sim falar o que incomoda… foi a petulância das mulheres que reconstruiu esse país”, destacou.
A terceira convidada, Irene Alves de Mello, do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Casimiro de Abreu elogiou o protagonismo das lideranças jovens presentes à reunião e disse que sempre teve o desejo de participar da Marcha das Margaridas, mas outros compromissos acabaram adiando a concretização desse sonho, que acontece finalmente nesta 7ª edição do evento. “Fico feliz de estarmos marchando para garantir que tenhamos um meio ambiente saudável. Nós, mulheres, temos a responsabilidade de mudança. Tenho 72 anos e não paro. Enquanto eu tiver um sopro de vida, vou estar lutando. Estou aqui para construir pontes, jamais vou construir muros porque a ponte me liga a alguém e é isso que quero fazer hoje aqui”, afirmou Irene.
Representatividade
Participaram ainda da atividade Clarisse Pacheco; representante de base do Sisejufe; Antonia Rodrigues, da CAMTRA (Casa da Mulher Trabalhadora); Karina Ribeiro, da União da Juventude Socialista (UJS); Maria de Fátima da União Brasileira de Mulheres (UBM); Fabiana Santos, secretária de Mulheres do PT; Dani Beatriz da Juventude do PT e representação do mandato da deputada estadual Marina do MST (PT); Patricia Dac, representação do mandato da deputada estadual Dani Balbi (PCdoB); Tatiara Souza, representação do Movimento Negro Unificado (MNU) e da deputada Estadual Elika Takimoto (PT); Eliane Queiroz do Central de Movimentos Populares (CMP); Mychele Alves, presidenta da ASFOC-SN FIOCRUZ; Maíra Chalfun, da Marcha Mundial das Mulheres e Mulheres da CUT; Marlene Miranda, secretária de Mulheres da CUT Rio; Irene Mello, do CODEMA; Mayara Soares, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Clarissa Cunha, representação do mandato da vereadora Monica Benicio (PSOL), que é presidenta da Comissão da Mulher na Câmara/RJ; Pamela Moraes Nicolau, do Movimento Kizomba; Raquel Ribeiro, do coletivo Feminicidade; Andreia Matos, do Sindicato dos Professores do Município do RJ (SINPRO); Darcy Machado de Almeida e suas companheiras do Acampamento Sebastião Lan; além de representantes do GT Mulheres da Associação Nacional de Agroecologia e do SINTUFRJ.
A diretora Anny Figueiredo avaliou o encontro como muito positivo e agregador: “Foi muito proveitoso e acho que todas nós saímos mais enriquecidas daqui e com mais disposição e ânimo para marcharmos firmes e fortes até que sejamos livres”.
Acompanhe, abaixo, os registros do evento. E, em breve, iremos disponibilizar os vídeos com as falas das convidadas.