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Ancestralidade, história e resistência: integrantes do Coletivo Negro da Justiça Federal do Rio de Janeiro visitam a Pequena África

Na manhã desta sexta-feira, 25/11, o grupo participou do chamado “Circuito Histórico de Herança Africana”, realizado pelo Instituto Pretos Novos

Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra (celebrada em 20 de novembro), o Coletivo Negro da Justiça Federal do Rio de Janeiro participou, na manhã desta sexta-feira, 25/11, do “Circuito Histórico de Herança Africana”, realizado pelo Instituto Pretos Novos (IPN).

Era pouco mais de 8:40h da manhã quando parte do grupo chegou ao Largo da Prainha (no bairro da Saúde) e se reuniu bem ao lado da escultura de Mercedes Baptista (1921-2014), a primeira bailarina negra do Theatro Municipal e inventora do balé afro-brasileiro. Lá, foram recepcionados pelo guia de Turismo, Rafael Moraes, que há 8 anos faz esse circuito histórico com alunos, turistas ou moradores do Rio.

Ao longo de quase três horas, Rafael guiou e encantou o grupo com sua fala apaixonada e cheia de conteúdo pelo circuito da Pequena África.

Além do Largo da Prainha, Pedra do Sal, Morro da Conceição, Jardim Suspenso do Valongo, Praça dos Estivadores, Cais do Valongo e Cemitério dos Pretos Novos são alguns dos pontos visitados e explicados sob uma narrativa histórica e cultural que detalha nossa herança africana e mais do que isso: revela também todo o apagamento histórico que foi feito em relação à nossa história negra.

A Pequena África

Pra começar, é importante se situar geograficamente e também entender melhor o que representa a chamada Pequena África.

O nome, dado pelo compositor Heitor dos Prazeres (1898-1966), no começo do século XX, já apareceu em músicas, enredos de escolas de samba e em livros, mas para muitos cariocas e muitos brasileiros de um modo geral, é um termo desconhecido, apesar de se referir a uma parte tão rica em memória e história, na cidade do Rio de Janeiro.

A Pequena África engloba a região portuária e os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, que ficam pertinho do Centro. Representa o centro de criação da cultura negra carioca e também da organização de novas formas de mobilização social e política.

Caminhar, conhecer melhor toda essa área da Pequena África é enxergar e se encantar com a presença africana e com todo o patrimônio cultural negro que marcaram para sempre a história não só do Rio de Janeiro como a nossa história de país.

História, Memória e Resistência

Ao final do circuito, a servidora Thamyres Macedo, da Justiça Federal, estava emocionada. Ela comentou que chegou a chorar em alguns momentos, ouvindo os relatos do guia: “Fantástico participar desse circuito histórico de herança africana. Nossa história negra é linda, mas também cheia de dor e de apagamentos deliberados, né! É bom termos mais conhecimento, mas também é dolorido, sabe? Mas tem que ser assim: precisamos conhecer melhor nossa história, nossas origens. Só assim para valorizarmos quem fomos, quem somos e quem queremos ser”, disse Thamyres Macedo, da Justiça Federal.

Renata Oliveira, da Justiça Militar, representante sindical do Sisejufe e integrante da Coordenação do Coletivo de Negras e Negros do Sisejufe, comentou: “A gente sabe tudo o que aconteceu, mas ouvir tudo isso aqui nesses lugares de memória, nesses lugares onde de fato aconteceu tudo isso é ainda mais forte, impactante. E cada um de nós aqui desse coletivo faz parte da resistência negra que existe até hoje. Conhecer melhor nossa história é honrar nossa ancestralidade. Gostei muito de ter participado. Foi muito, muito enriquecedor e emocionante”.

O servidor Paulo Esteves, também da Justiça Federal, resumiu o passeio em uma palavra: “impactante”. Patrícia Fernanda, idealizadora e dirigente do Coletivo de Negras e Negros da Justiça Federal do Rio de Janeiro, servidora sindicalizada do Sisejufe, também estava emocionada e muito feliz com a realização do circuito histórico. Ela disse que é um desejo e uma demanda do coletivo realizar o letramento racial de todos os interessados no tema: “Ter mais informação, consciência, letramento racial, é fundamental para mim, para você e para todos que desejar viver em uma sociedade antirracista. O Coletivo é relativamente recente, nasceu durante a pandemia, e veio para ficar. É um espaço de troca, acolhimento e aprendizado. O encontro de hoje foi incrível. Que venham outros como esse”, comemorou.

 

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