O documentário curta-metragem “No Mar”, de Rodrigo Garcia e Clara Linhart, terá uma apresentação no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), nesta quarta-feira, dia 05 de outubro, às 19h. Após a exibição do filme, haverá um debate com a presença dos diretores; do humorista, ator, escritor e nadador de águas abertas Hélio de La Peña; e da ativista e artista, Dyonne Boy.
A exibição é gratuita e aberta ao público em geral. Como são apenas 50 lugares, os interessados em assistir precisam se inscrever pelo link http://l1nq.com/pDnLu
O cinema do Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) fica na Av. Rio Branco, 241, Centro, Rio de Janeiro – RJ.
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A motivação para o filme
Rodrigo é servidor do TRE de Friburgo, tem 43 anos, faz doutorando em Direito pela UFRJ, é professor universitário e um apaixonado por esportes. Já fez boxe, tênis, futebol adaptado, basquete, natação etc. De todas as modalidades, nadar é mesmo o que mais ama.
Um detalhe: Rodrigo é pessoa com deficiência física. Ele diz que um dos objetivos do filme é oferecer ao público a vivência de que todos os corpos podem fazer o que a pessoa quiser e se sentir confortável fazendo.
Em “No Mar”, Rodrigo nos brinda com um olhar poético e bastante reflexivo sobre os desafios e as delícias de nadar em águas abertas. “O esporte amplia a vida. Na água, para me locomover, eu não preciso de nada, só do meu corpo. O mar me faz livre.”
Além de mar aberto, ele também já nadou pelo Rio São Francisco e pelo Rio Negro, em provas que chegam a ter até 7 horas de duração. A ideia de fazer o filme nasceu, inclusive, em 2016, após fazer a travessia pelo São Francisco. “Foi uma prova tão mágica, tão forte, que mexeu muito comigo. Ali, tive vontade de mostrar num documentário como é grandiosa e impactante essa experiência de nadar em águas abertas”.
Outro ponto importante que Rodrigo quis mostrar com o trabalho foi falar sobre o esporte para pessoas com deficiência física: “Quis avançar no entendimento da importância da liberdade e da possibilidade de usarmos os corpos como a gente quer e, num outro ponto, quis também fazer uma crítica à idealização do conceito de superação. Enfim, a intenção é oferecer às pessoas a vivência de que todos os corpos nasceram para viver uma vida, em múltiplas possibilidades. Todos os corpos podem fazer o que a pessoa quiser e se sentir confortável fazendo, tentando, se desafiando, ora conseguindo, ora se frustrando. É assim para todo mundo, seja deficiente físico ou não”, afirma ele, que nasceu com um encurtamento da perna esquerda e usa ortoprótese desde garoto.
Acessibilidade
A questão da plena acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva foi uma preocupação de Rodrigo. Por isso, “No Mar” contará com legenda em Português, Libras e audiodescrição.
Estreando
“No Mar” é a estreia de Rodrigo no mundo do cinema. Roteiro e argumento são dele. Direção, Rodrigo assina junto com a cineasta Clara Linhart, diretora de cinema com 20 anos de experiência no audiovisual. Já a produção, assina junto com Yan Muniz. A trilha sonora original é de João Clemente Moura. O ator Hélio De La Peña, que também faz natação em águas abertas, foi convidado e aceitou fazer a voz do escritor Lima Barreto (1881-1922), na livre adaptação de uma de suas crônica.
O filme acompanha um treino de Rodrigo, no mar, entre a Praia Vermelha e o Arpoador, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Com referência ao sociólogo e antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950), para quem o corpo é o mais importante instrumento humano, “No Mar” também trata das relações entre natação, corpos e vida. Faz referência também a Lima Barreto (1881-1922), um dos maiores escritores brasileiros, que “participa” do filme por obra do artista plástico Cacau Rezende e com a dublagem do humorista e ator Hélio De La Peña.
Recursos
O filme começou a ser feito, em 2020, com recursos da Lei Aldir Blanc. Além disso, “No Mar” contou também com apoios institucionais, como o do Sisejufe; com recursos próprios e parte da verba veio ainda de uma vaquinha virtual feita para finalizar os custos da produção. “Montei o projeto, inscrevi, ganhei e chamei a Clara pra dirigir. Tivemos muitas dificuldades porque gravamos em plena pandemia, mas o filme está aí, pronto. Agora, a intenção é que ele percorra festivais de cinema no Brasil e no exterior e que seja exibido em locais que se interessem pela temática do esporte e do esporte para pessoas com deficiência, como universidades, sindicatos, poder público etc”.