“A arte é o ar que eu respiro.” É assim que Jaderson Passos resume o significado do prazer de pintar. A declaração forte e cheia de paixão faz parecer que ele se dedicou “apenas” ao ofício artístico. Ledo engano. Apesar da alma de artista, conta que soube equilibrar a razão com a emoção. Por isso, ainda jovem, decidiu buscar a estabilidade de um concurso público e, nas (poucas) horas vagas, madrugada adentro, se dedicava à pintura.
Antes dos 30, Jaderson já tinha três filhos, era funcionário público e estava cursando uma das cinco graduações que tem: “Sou formando em Contabilidade, Teologia, Português-Grego, Direito e Filosofia. Acho que tudo o que fazemos nos enriquece, amplia o olhar, o repertório. E para as artes, nem se fala. Tudo o que somos e apreendemos se expressa em nossas telas. É algo mágico e muito satisfatório. Sinto hoje a maturidade de uma pincelada que há 20 anos eu não tinha”, diz ele admitindo que sim, era cansativo, mas era igualmente prazerosos conciliar tantas demandas.
Depois de 41 anos de trabalho, dos quais 30 foram passados no Tribunal, Jaderson se aposentou no início da pandemia, em abril de 2020, quando estava na Ouvidoria. Entre as várias funções que teve por lá ao longo de todos esses anos, chegou a ser, inclusive, diretor-geral. Ele sente saudade dos amigos que fez e também da trajetória que construiu, mas admite que agora, aposentado, vive a plenitude do seu trabalho artístico. “Não sei viver sem pintar. Eu pinto todo dia. Então, na época em que eu tinha que trabalhar no tribunal, claro, era mais cansativo porque muitas vezes o tempo que eu tinha para pintar era à noite ou de madrugada, mas quando a gente faz o que gosta, nem sente o cansaço. Fui muito feliz no Tribunal. Foram mais de 40 anos ali dentro e me orgulho de cada passo e de cada conquista que tive, também, mas o ar que eu respiro veio e vem da arte”.
O início de tudo
Nascido em Celina, distrito do município de Alegre, no Espírito Santo, Jaderson conta que aos 8, 9 anos começou a tomar gosto por desenhar. “Até meus 12 anos, vivi na roça. E ali, já comecei a gostar de desenhar. Na época, usava o barro branco para pintar as madeiras do curral. Meu pai me ensinou que misturando esse barro com um pouco de água, clara de ovo e deixando secar, virava uma espécie de giz. Com isso, fiz minhas primeiras pinturas pelas tábuas do curral. Eu pintava, desenhava tudo”.
No Rio de Janeiro, quando os pais se mudaram para a cidade grande, foi estudar em um colégio que dava bolsa de estudo como incentivo às artes. Participou de um concurso de desenho e foi ali que ganhou, pela primeira vez, uma premiação por seus quadros. Tomou ainda mais gosto pelo negócio e não parou mais. Hoje, coleciona mais de 350 premiações e medalhas ao longo da vida. Entre elas, uma premiação internacional, que lhe rendeu duas obras expostas na Galeria La Pigna, no Vaticano. “Essa foi sem dúvida uma das premiações mais conceituadas que eu ganhei, claro, mas quer saber: para mim, a mais importante foi uma gincana de pintura que participei, no início da carreira, no Jardim Botânico. Lembro como se fosse hoje a emoção que senti.”
Agora aposentando, com o tempo 100% disponível para se dedicar à veia artística, Jaderson diz que se sente renovado e muito feliz. Pinta seus quadros, participa de exposições, dá aula de desenho para adultos, curte os netos, escreve suas poesias e toca violão.
Para conhecer a obra de Jaderson Passos, acesse as redes sociais do artista: Facebook e Instagram.