Ao menos 19 categorias de servidores públicos podem começar a paralisar atividades para elevar a pressão contra o governo por reajustes salariais, após sinalização de Bolsonaro de que apenas policiais seriam contemplados, informa a Folha de São Paulo.
O Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado) afirma que os sindicatos dessas categorias apoiam seus trabalhadores a suspenderem os trabalhos em três dias: 18, 25 e 26 de janeiro. (Calendário aprovado em 29/12/2021)
Ainda precisam ser realizadas assembleias para discutir detalhes sobre as paralisações. Em fevereiro será discutida a possibilidade de uma greve geral.
De acordo com levantamento do Fonacate, discussões sobre paralisações envolvem auditores da Receita, funcionários do Banco Central, servidores da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), auditores e técnicos da CGU (Controladoria-Geral da União) e do Tesouro Nacional, servidores da Susep (Superintendência de Seguros Privados), auditores do trabalho, oficiais de inteligência e servidores das agências de regulação.
Também integram a lista analistas de comércio exterior, servidores do Itamaraty, servidores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), defensores públicos federais, especialistas em políticas públicas e gestão governamental, auditores fiscais federais agropecuários, peritos federais agrários, além de servidores do Legislativo, do Judiciário e do TCU (Tribunal de Contas da União). Em alguns casos, a suspensão dos trabalhos já está confirmada.
Fábio Faiad, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), afirmou à Folha que está mantida a paralisação da categoria no dia 18, das 10h às 12h.
O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) informou que 2 mil funcionários comissionados do BC entregaram seus cargos em protesto a negativa de reajuste salarial da categoria. Os dados foram divulgados em reunião nesta terça-feira (11) com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Eles querem que o remate não seja exclusivo para policiais e que se estenda para os servidores da autarquia. Além disso, pedem reestruturação de carreira de analistas e técnicos. Se não houve proposta concreta, podem vir a debater proposta de greve por tempo indeterminado, segundo Fabio Faiad.
Assembleias já estão marcadas para discutir adesão às paralisações.
Na sexta-feira (14), as demais entidades do Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) vão estudar a adesão ao movimento.
O Fonasefe reúne 30 entidades, como funcionários da área de saúde, Previdência e assistência social.
Juntos, Fonacate e Fonasefe, segundo a cúpula dessas organizações, representam mais de 80% do funcionalismo do Executivo federal, que hoje tem aproximadamente 585 mil ativos.
Além da pauta salarial, os servidores pretendem demonstrar insatisfação com outros aspectos na relação com o governo. A Univisa (Associação dos Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária) , por exemplo, anunciou que vai discutir adesão ao movimento e exigindo um basta para os ataques do governo às prerrogativas institucionais e à honra dos servidores e gestares.
Bolsonaro deu recentemente declarações em que levanta suspeitas sobre o interesse da Anvisa na aprovação de vacinas. Ele foi respondido pelo diretor-presidente, Antonio Barra Torres, que cobrou de Bolsonaro a determinação de investigação, caso tenha informações a esse respeito ou uma retratação.
Fonte: Folha de São Paulo
A reportagem original está disponível neste link.
Imagem em destaque: Fonasefe