No dia a dia, o servidor da Justiça Federal de Petrópolis Ronaldo Furtado de Toledo Junior se dedica a assessorar juízes em minutas de despachos, decisões e sentenças. São horas e horas escrevendo textos formais. Uma rotina que ele repete há mais de 15 anos como técnico judiciário. Nas horas de descanso, a escrita formal dá lugar a textos leves e criativos.
“A diferença entre o Ronaldo servidor e o Ronaldo escritor está na forma de trabalhar. Na justiça, enfrento burocracias e tenho que resolver problemas o tempo todo. Mas fora desse horário, sou livre para criar e também resolver problemas, porém, fictícios”, diz.
Ano passado, começou a escrever uma espécie de catarse sobre a própria vida, um diário em forma de narrativa. Então, veio a ideia de dividir essas histórias com o público. Assim surgiu o livro “Blecaute – A Voz da Escuridão”, que Ronaldo está lançando, com venda pela Amazon.
Ronaldo Dal Bianco – seu nome artístico – conta que o enredo transita entre o suspense, o drama e a ficção científica. Ele antecipa um pouco da história:
“Em um domingo inesperado, o sol não nasce, a energia se vai e todos os aparelhos eletrônicos deixam de funcionar. Nesse espectro, diante do caos causado nas ruas e do vandalismo que aos poucos se instaura, seis moradores de um mesmo edifício resolvem se reunir em um único apartamento do prédio, o mais seguro, no último andar, para se protegerem e bolarem um plano para passarem pela situação”.
O livro tem como premissa a escuridão da alma humana, quando segredos são revelados e alguns dos personagens são colocados em xeque durante a trama.
“Ao contrário do que parece, não se trata de uma luta pela sobrevivência, como encontramos em ficções científicas de catástrofes e iminente fim do mundo. A situação inesperada serve apenas de pano de fundo para mostrar os limites das relações humanas entre pessoas que mal se conhecem”, completa.
Pandemia
Perguntado se o isolamento social serviu de inspiração para sua obra, o escritor explica que a ideia veio antes da pandemia, mas enquanto escrevia o livro o mundo já vivenciava essa situação. “Certamente, a realidade do confinamento teve um peso no desenvolvimento da história”, afirma.
Como o livro foi produzido de forma independente, Ronaldo acabou sendo responsável por cada etapa.
“O mundo editorial é bastante fechado e selecionado. Hoje, temos a opção de publicarmos obras gratuitamente, restando para nós o trabalho na divulgação do lançamento. Um livro passa por muitos processos antes de ser publicado. Uma vez escrito e revisado pelo próprio autor, é interessante a história passar por uma avaliação profissional, que se chama leitura crítica, onde muitas coisas acabam sendo mudadas a fim de lapidar a história. Depois, há a revisão ortográfica e, por fim, a diagramação para publicação. No caso do meu livro, lancei apenas em e-book, o que agiliza bastante o processo, mas pretendo lançá-lo fisicamente também”, conta.
Ronaldo confessa que está otimista com os resultados. “Minha expectativa é de criar um nicho de leitores, que com o passar do tempo, passem a me acompanhar em meus próximos trabalhos. O caminho é árduo e longo”, opina.
Embora tenha planos de seguir na literatura, o servidor da JF de Petrópolis pretende conciliar a carreira com as demandas do Judiciário Federal.
“Não é difícil. Iniciarei o curso de bacharelado em Letras esse ano para me aperfeiçoar na língua portuguesa e também na literatura, que faz parte da grade curricular. O trabalho na justiça me consome sete horas diárias. Todo o restante do dia eu tenho para estudar e escrever. Basta criar uma rotina e um propósito que tudo dará certo”, garante.
Amor incondicional
A paixão de Ronaldo pela arte é antiga. Em 2009, ele brilhou com “Gardel, Um Musical de Tangos”, interpretando o grande cantor no teatro. A estreia rendeu uma reportagem especial na seção Prata da Casa, do jornal Contraponto. (Leia a matéria na página 8 deste link)
“A arte está no meu sangue. Já fui pianista, regente, cantor, ator, produtor cultural e até bonsaísta. E considero que ainda sou isso tudo. Minha formação é em Artes Cênicas e não recusaria algum convite para voltar ao teatro, por exemplo, ou para cantar, fazer um musical, participar de uma produção cultural. Tudo isso, associado à justiça. Ela não me atrapalha em nada”, afirma.
Ronaldo confessa que gostaria de viver só da arte, mas sabe que é algo praticamente impossível. “A não ser que eu estoure em algum romance que faça muito sucesso, mas a concorrência é ferrenha e o processo muito lento”, dispara. Quem sabe, Ronaldo? Estamos na torcida pelo seu sucesso!
Como comprar “Blecaute – A Voz da Escuridão”:
O livro pode ser baixado no site da Amazon. Se você não tem um Kindle, basta baixar em seu celular ou tablet o aplicativo Kindle e associá-lo ao seu cadastro na Amazon. Depois de baixar, ele aparecerá no seu dispositivo automaticamente.