O general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), disse que servidor “não precisa mais se preocupar”, após passar em concurso, quando defendeu, em campanha no Rio Grande do Sul (RS), o fim da estabilidade (denotando um profundo desconhecimento da condição dos servidores e do funcionamento do serviço público): “Por que uma pessoa faz um concurso e no dia seguinte está estável no emprego? Ela não precisa mais se preocupar. Não é assim que as coisas se comportam. Tem que haver uma mudança e aproximar o serviço público para o que é a atividade privada”, afirmou o candidato a vice, incorrendo em erro, quando para que o servidor se torne estável são precisos três anos de estágio probatório, com avaliações periódicas de seu desempenho funcional.
Como se não bastasse a ignorância acerca do serviço público, Mourão defendeu, também, o fim do 13º salário e do adicional de férias, novamente demonstrando descompromisso com os trabalhadores em geral e um enorme desconhecimento da Constituição Federal, na qual, ambos os direitos estão previstos em seu artigo 7º. São “jabuticabas” (porque existem apenas no Brasil) e pesam como “uma mochila nas costas de todo empresário”, comparou o general.
“Apesar de o candidato Bolsonaro ter vindo rapidamente às redes sociais para desautorizar seu vice e lembrá-lo dos termos da Constituição vigente, numa lamentável demonstração de desarmonia interna e desarticulação programática, fato é que o general em questão parece não estar lá muito preocupado com o que dispõe a nossa Carta Magna, o que se depreende, por exemplo, de outra fala sua, quando sugeriu que se poderia criar uma Constituinte de “notáveis”, sem membros eleitos pelo povo…”, opina Lucas Costa, vice-presidente do Sisejufe, em confronto ao que propõe o general, lembrando o que dispõe o art. 1º, parágrafo único da Constituição: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.