Diretores do Sisejufe visitam tribunais para tirar dúvidas dos servidores e ouvir suas demandas
“O trabalho te adoece?” Se você ainda não respondeu a II Pesquisa de Saúde dos Servidores do Judiciário Federal do Rio de Janeiro, saiba que ainda dá tempo. Até o final de agosto, o questionário pode ser acessado na Intranet dos tribunais, no site, nas mídias sociais e no App do Sisejufe – disponível para Android e iOS. Pode, também, ser preenchido em formulário disponível no sindicato.
Sob a coordenação do Departamento de Saúde e Combate ao Assédio do Sisejufe, o levantamento tem por objetivo atualizar os dados sobre o adoecimento da categoria e das doenças do trabalho, principalmente as vinculadas ao esforço repetitivo e ao sofrimento mental. “A participação do servidor é importante porque o resultado servirá para formular políticas na área de saúde e cobrar melhorias ao Conselho Nacional de Justiça e às administrações dos tribunais”, explica o vice-presidente da entidade, Lucas Costa.
Apesar de o preenchimento do questionário ser bem simples – a maioria das 115 questões é objetiva –, desde 4 de julho, os diretores do Sisejufe estão visitando tribunais e órgãos do Judiciário Federal a fim de esclarecer dúvidas e conscientizar os colegas da importância do trabalho. O grupo já passou pela capital, por Cabo Frio, por São Pedro da Aldeia, Araruama, Iguaba Grande, Saquarema, Resende, Volta Redonda e Barra Mansa. “A pesquisa é o motivo da nossa ida aos órgãos, mas acaba sendo a oportunidade de falarmos, pessoalmente, de outros assuntos também, fazer a atualização de nossas ações e, o mais importante, ouvir as demandas de cada localidade e segmento”, comemora Lucas.
A primeira parada foi no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), no Rio, cujo presidente, desembargador Fernando Antônio Zorzenon, impediu a veiculação do link da pesquisa na Intranet do órgão – aliás, único caso em todo o estado. E, por isso, no local, foram distribuídos questionários na versão impressa, que serão recolhidos agora, em agosto. “As visitas estão sendo ótimas, os servidores, bem receptivos”, comemora Neli Rosa, coordenadora do Departamento de Aposentados e Pensionistas (DAP), que esteve na Região dos Lagos. “Todos compreendem e muitos, inclusive, pontuaram que já percebiam a necessidade de se fazer isso, novamente”, confirma Lucas.
Condições de trabalho prejudicam saúde
A coordenadora de Saúde do Sisejufe, Helena Guimarães, lembra que, nos últimos anos, a categoria passou por mudanças abruptas que impactaram não apenas a forma de trabalhar, mas a saúde. Entre as transformações, ela cita a informatização, a cobrança de metas abusivas, o aumento do volume de trabalho e a falta de reposição de pessoal. “O servidor fica sentando, com o olho na tela de um computador, focado no trabalho, sem levantar, sem fazer um alongamento… Isso tudo gera uma ansiedade que adoece o corpo e a mente. Mas é difícil fazer a correlação da atividade laboral e os danos à saúde. Por isso, precisamos que todos respondam a pesquisa, para termos provas”, afirma Helena.
O levantamento também será fundamental para mapear o impacto do Teletrabalho na vida dos servidores das justiças. Com o corte orçamentário imposto pelo governo, a modalidade ganhou força, pois as administrações aproveitam para repassar os custos da atividade, como equipamentos, luz, água e Internet, para o servidor. “E não há monitoramento das condições de trabalho. Não se sabe, por exemplo, se o servidor está numa cadeira ergométrica, se está extrapolando a jornada, se trabalha no final de semana ou à noite. Enfim, coisas que podem prejudicar a sua saúde”, aponta Lucas Costa.
Neli Rosa ressalta ainda que, ao ficar doente, os funcionários em Teletrabalho estão tendo dificuldade de sair de licença médica. “Alegam que eles já estão em casa”, conta a dirigente. Outra situação absurda que o Sisejufe pretende atacar com mais veemência, depois de ter em mãos o resultado da pesquisa, é a questão da aposentadoria por invalidez. “Temos que apresentar dados concretos para mostrar que a doença é proveniente do trabalho, pois, do contrário, o servidor acaba aposentado sem integralidade de seus vencimentos”, ressalva Helena Guimarães.
Sinal de alerta acendeu há quatro anos
A pesquisa atual, lançada em 15 de julho no Sisejufe, é uma versão revista e ampliada da primeira, “Sua saúde é nossa pauta”, de 2014. Na nova versão, há blocos específicos para cada área, questões referentes ao Teletrabalho, dirigidas às pessoas com deficiência e um maior detalhamento da análise do sofrimento mental. “Na primeira, não houve o retorno esperado, mas, mesmo assim, fiquei preocupada ao perceber o aumento de pessoas adoecendo por causa do trabalho. Registramos um índice de mais de 50%”, relembra Helena Guimarães.
Diante de resultado tão desalentador, a coordenadora de Saúde acredita que só há um caminho para mudar a situação: a união da categoria em torno do tema. “A administração não faz nada pensando no servidor, mas, sim, no dinheiro. Então, responder a pesquisa também é um momento para parar e refletir”, diz a coordenadora.
Não precisa ser sindicalizado para participar
A pesquisa pode ser respondida de qualquer lugar – basta ter acesso à Internet –, mas o Sisejufe também a disponibiliza na versão impressa. E, independentemente do formato de preferência (online ou físico), o servidor tem a garantia do anonimato. Ou seja, não há a necessidade de nenhum tipo de identificação, como nome ou matrícula. Portanto, as respostas podem (e devem) ser dadas claramente, pois não há perigo de retaliação.
Outra informação importante é que o link da pesquisa está disponível para todos os servidores do Judiciário Federal do estado do Rio de Janeiro. Não é preciso ser sindicalizado. “Nosso interesse é cuidar para que os servidores não adoeçam, que envelheçam bem, que possam se aposentar e aproveitar a vida com saúde. Quero que, absolutamente, todos se conscientizem da necessidade de cuidar do corpo e da mente”, afirma Helena, que espera ter os resultados tabulados até o fim do ano.