Por Cledo Vieira, coordenador geral da Fenajufe e do Sindjus/DF
A Diretoria Colegiada, em reunião realizada no dia 27, decidiu que os dois estados em greve deveriam avaliar sua situação, tendo em vista que 29 sindicatos ainda não haviam aderido à greve. Depois de muito debate, por decisão unânime, que contou com a presença do Grupo Luta Fenajufe (Adilson, Saulo, Cleber, Madalena e Pedro) e do Subsidio (Maria Eugênia), a diretoria decidiu:
“Diante do quadro de mobilização acima, dos 31 sindicatos apenas dois terem deliberado iniciar a greve por tempo indeterminado no dia 29/4, procurar informalmente as direções dos sindicatos da BA e MT e orientar que eles discutam junto as suas bases a possibilidade de garantir a paralisação do dia 29/4 e reavaliar o início da greve por tempo indeterminado a partir da definição da reunião Ampliada do dia 10/5”.
Dias depois, uma Ampliada revogou por completo a decisão da Diretoria Colegiada afirmando que os dois sindicatos estavam corretos em seu posicionamento e que os outros 29 deveriam deflagrar greve imediatamente. Então compreendemos a frase de uma diretora da Fenajufe, que afirmou que a ampliada é que dá a linha da Federação.
Passado um mês, tivemos outra Ampliada com a então conjuntura de quatro sindicatos em greve. Importante dizer que mesmo com a determinação da reunião anterior e com o intervalo entre uma e outra, muitos dos 27 não tinham realizado sequer uma assembleia. Mas mesmo assim a Ampliada decidiu que os que estavam em greve deveriam sustentar esse estado, mostrando falta de sintonia ou de diálogo com os 29 sindicatos.
Interessante observar que meses atrás o coordenador Edmilton questionou os custos e resultados dessas ampliadas e, infelizmente, perdeu a votação que colocou em xeque o futuro dessas reuniões. Eu mesmo sou testemunha das reclamações de muitos dirigentes no que diz respeito aos gastos de se enviar delegados para ampliadas, cujas duas últimas tiveram encerramentos pífios.
E o filme se repete. Em 2012, ao final de 30 dias de greve, quando Brasília sustentou o movimento com mais cinco sindicatos, a Ampliada dos 31 sindicatos decidiu que os cinco deveriam, como agora, sustentar a greve. Resultado: no dia seguinte, quatro saíram da greve, restando apenas Brasília e Mato Grosso. Ou seja, mais uma Ampliada decreta que os sindicatos que estão em greve têm que permanecer assim, não importando os desafios e custos de se manter uma greve por tempo indeterminado.
Nessa Ampliada, como sempre, discutiu-se a realização de uma nova reunião, que vai acontecer, pasmem, na véspera das quartas de final da Copa do Mundo que, mesmo tendo vendido 70 mil ingressos, não vai acontecer. Afinal, o sentimento de “Não vai ter Copa” tem norteado as Ampliadas. Mesmo com a rede hoteleira de Brasília lotada e com preços de diárias triplicados, isso sem falar das passagens aéreas, bateram o pé nessa data.
Enfim, a Copa mesmo com todas as delegações já aqui no Brasil pode ser que não aconteça, mas a Ampliada é certeza de acontecer independentemente de seus custos e resultados.
Dentre as contradições e absurdos das ampliadas que defendem com unhas e dentes, eu cito um episódio ocorrido na última que traduz a importância dessas reuniões. Num momento de fúria, um dirigente de um importante sindicato de Alagoas bradou que quem não estava em greve era pelego. O engraçado é que ele e seu sindicato não estavam em greve. Entendi que ele queria ofender a si mesmo, pois é impossível pensar que ele queria desmoralizar alguém esquecendo de sua situação. Foi, sem dúvida, uma desinteligência. Aliás, desinteligência é um termo que se casa perfeitamente com essas ampliadas.
Por tudo isso, que a base dos quatro estados, e não a Ampliada, decida pela continuidade ou não da greve.