Kaingangs ocupam a sede estadual do PT, no centro de Curitiba (PR), em protesto contra a senadora Gleisi Hoffman que barrou a demarcação de terras indígenas, nesta segunda-feira
Por Valmir Assunção*
Na última quinta-feira (30/5), feriado de Corpus Christi, Osiel Gabriel, índio Terena, foi morto e vários ficaram feridos durante uma reintegração de posse realizada pela Polícia Federal na Fazenda Buriti, Sidrolândia (MS). A reintegração foi expedida no dia anterior pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva e cumprida de madrugada.
A ação ainda aprisionou 15 lideranças indígenas do Povo Terena, que estão incomunicáveis nas dependências da Polícia Federal em Campo Grande. O equipamento que filmou toda a ação da Polícia está apreendido.
Repudio veementemente a ação policial que, nesses moldes, torna-se criminosa. A fazenda Buriti é parte dos 17.200 hectares declarados pelo Ministério da Justiça, em 2010, como território tradicional do Povo Terena. A comunidade indígena reivindica a conclusão os procedimentos de demarcação, iniciados há mais de 10 anos, ao ocupar a área equivalente a um campo oficial de futebol, apenas 3 mil hectares.
A ofensiva contra o território indígena é uma pauta prioritária dos setores políticos mais conservadores, que sob a justificativa do do agronegócio e da defesa da propriedade privada, passam por cima de vidas, dos direitos humanos para desenvolver uma agricultura que se utiliza de agrotóxicos, não produz alimentos e é aliado às grandes transnacionais, pondo em risco a nossa soberania nacional e alimentar.
A morte de Osiel se soma às tantas mortes de camponeses e quilombolas. A hegemonia do latifúndio ainda é forte e presente em todos os Poderes do Estado.
O Governo Federal deve reagir imediatamente contra essa ofensiva. A pressão do agronegócio não pode fazer com que vidas e os direitos dos povos indígenas sejam desconsiderados, depois de anos de lutas. No caso dos Terenas, é preciso ainda destacar os discursos preconceituosos, na tentativa de desqualificar a luta pela terra e território.
Solidarizo-me ainda com o Centro Indigenista Missionário, CIMI, que cumpre um papel importante no apoio à luta pelos direitos dos povos indígenas. Também destaca-se a resistência do povo Terena. Na última sexta, 31, indígenas ocuparam três mil hectares de um total de 12 da Fazenda Esperança, município de Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande. A área faz parte da Terra Indígena Taunay/Ypeg, vizinha a Terra Indígena Buriti.
Não tenho dúvidas que a resistência é o caminho da conquista. Todo apoio ao povo Terena e a todos os indígenas, em sua luta por território e dignidade. Mas é preciso que a sociedade brasileira, com a indignação que marcou esta morte, ou ainda o caso dos Guarani-Kaiowás, levante-se contra o latifúndio e contra a retirada e direitos dos povos tradicionais e trabalhadores rurais. A luta por terra e território é de todos e todas nós.
Osiel, presente!
*Valmir Assunção é deputado federal e vice-líder do PT na Câmara dos Deputados