O Jornal do Sintufrj, na edição desta semana, publicou uma nota informando que um diretor do sindicato agrediu fisicamente a coordenadora geral, e por causa disso o diretor foi afastado. Sem entrar no mérito do nível de conflito que esta direção apresenta em poucos dias de gestão, acho que um fato grave como este não pode ser resumido a uma pequena nota.
As comemorações do 8 de março estão mundialmente vinculadas às reivindicações feministas por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna, contra a violência sexista e sociedades mais justas e igualitárias. Essa luta é antiga e contou com a força de inúmeras mulheres que nos vários momentos da história da humanidade resistiram ao machismo e à discriminação.
Não podemos esquecer de mulheres como a francesa Olympe de Gouges, que em 1793, foi guilhotinada simplesmente porque ousou lutar pelo direito da mulher ter acesso ao emprego público. Como, também, as 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova Iorque, que cruzaram os braços na luta pelo direito a uma jornada de 10 horas de trabalho, e foram violentamente reprimidas pela polícia que trancaram as portas da fábrica e atearam fogo, matando as operárias carbonizadas. Fatos como estes, e tantos outros, que marcaram a luta histórica das mulheres não nos deixam esquecer porque lutamos e para que continuamos lutando.
No simbolismo da luta contra a opressão, por igualdade, liberdade, combate a violência sexista é que foi criado o Dia Internacional da Mulher. Por tudo isso, não podemos aceitar que a agressão sofrida pela coordenadora geral do Sintufrj seja tratada com a banalidade de um informe de “pé de página” do jornal da entidade.
Quando uma mulher é agredida, todas nós devemos nos sentir agredidas, prestar nossa solidariedade e cobrar providências mais contundentes do que um pequeno informe. O simples afastamento do diretor, sem uma ação política, o deixa livre para continuar usando a força masculina contra qualquer outra mulher.
Neste sentido reivindicamos que, independente das medidas judiciais cabíveis, que por ventura tenham sido tomadas pela coordenadora geral, a direção do Sintufrj encaminhe a denúncia desse fato à Secretaria de Mulheres da CUT e que seja feito um manifesto a ser enviado às organizações feministas, como a Marcha Mundial de Mulheres por exemplo.
Não existem soluções paliativas para o machismo, assim disse Maria da Penha. A omissão também é crime. Maria da Penha teve que recorrer a OEA (Comissão Internacional de Direitos Humanos), para ver Justiça. O Brasil foi condenado por negligência e omissão com relação à violência contra a mulher. Não podemos fingir que fazemos. Tem que ser feito de forma contundente.
Queremos um mundo onde as mulheres e os homens sejam livres em seus direitos, que só é possível pelas vias da igualdade, permitindo que as mulheres rumem ao exercício pleno de sua autonomia pessoal, social, política, econômica, cultural e sexual.
Assinam este texto:
Neuza Luzia – Faculdade de Medicina
Noemi Andrade – Diseg