A CUT sempre defendeu o direito de greve, em especial a dos servidores públicos de todas as esferas. A garantia do direito de greve, do direito à representação e do direito à negociação coletiva estão entre os pilares da nossa construção histórica. Sabemos da crise que ocorre a nível mundial, mas, como sempre dissemos, os trabalhadores não podem e não devem pagar pela crise. Com os servidores públicos não é diferente.
Precisamos superar o legado liberal existente ainda dentro do Estado brasileiro, onde a questão das reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras é visto única e exclusivamente como gasto e não como investimento, pois é impossível conceber um serviço público de qualidade sem servidores respeitados e justamente remunerados.
A pauta de reivindicações dos servidores não se limita à questão salarial. Ela é ampla e busca melhores condições de trabalho e de atendimento a população, que é a quem o governo deve ter preocupação. A greve é a consequência de uma prática de negação da negociação por parte do governo, que se faz de morto diante da situação, numa postura dura e autoritária. Para nós, reivindicar é um direito e negociar é uma obrigação de quem governa.
O governo fala em não sacrificar o povo por causa da crise, mantendo programas sociais, mas quem vai executar esses programas? Quem sofre com a Saúde em greve? Quem sofre com a Educação em greve? Quem sofre com todos os serviços públicos em greve? Justamente o povo brasileiro, que é quem o governo devia proteger da crise. O povo não está querendo carro zero com os incentivos do governo, o povo quer ser bem tratado e atendido pelos servidores públicos em plenas condições.
A greve dos servidores é a greve de todo o povo brasileiro, pois mais recursos para a Educação, Saúde, Cultura etc e menos recursos para setores que continuam a demitir é uma batalha central na superação do legado liberal do Estado brasileiro, ou seja, queremos mais Estado, mais serviço público e menos mercado. Por isso, entendemos que esta greve é legal e oportuna, pois ela só existe por culpa do governo, que faz da intransigência a sua forma de negociar.
Fonte: CUT Rio – artigo de Marcello Azevedo , secretário de Relações de Trabalho da CUT-RJ