Os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres são um chamado global para conscientizar as pessoas sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres. A campanha envolve a sociedade civil e o poder público, e o Sisejufe se une ao movimento para reafirmar o compromisso com uma sociedade mais justa, segura e igualitária.
A campanha começa no Brasil no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, marco fundamental para evidenciar que mulheres negras seguem sendo as mais afetadas pela violência, atravessadas pelas desigualdades de gênero, raça e classe.
Neste ano, as peças de comunicação da campanha do Sisejufe serão ilustradas pela artista Marina Hauer, cuja sensibilidade e potência visual dialogam com a urgência e a profundidade do tema.
Nenhuma violência é aceitável
Para Patricia Fernanda, coordenadora do Departamento de Combate ao Racismo do Sisejufe, o início dos 21 dias em 20 de novembro é simbólico e necessário: “Esse tema é um dos mais delicados para mim, mas não posso fugir dele, pois preciso dizer a todas as mulheres e especialmente às mulheres pretas que estamos juntas e que fiquem atentas a toda forma de violência de gênero. Os ‘21 dias’ começam no Dia da Consciência Negra porque as estatísticas confirmam: as mulheres negras sofrem de forma cruelmente especial todas as violências — de gênero, raça e classe. Devemos ser solidárias com todas as mulheres, nós que seguimos lutando por respeito, segurança e proteção. Estejamos atentas e não aceitemos nenhuma forma de violência!”
A secretária de Mulheres do Sisejufe, Anny Figueiredo, reforça que a campanha é mais do que uma agenda: é um pacto coletivo pela vida das mulheres.
“Os 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher representam um chamado coletivo para enfrentar uma das mais graves violações de direitos humanos. Este período fortalece a conscientização, incentiva o debate público e amplia o acesso à informação sobre formas de prevenção, acolhimento e denúncia. Ao mobilizar a sociedade, reafirma o compromisso com relações mais justas, com a proteção das mulheres e com a construção de uma cultura baseada no respeito e na igualdade. Cada dia da campanha aproxima a transformação social que garante a todas uma vida segura e plena”, reforça a dirigente.
As raízes da campanha: o legado das irmãs Mirabal
A mobilização global homenageia as ativistas dominicanas Minerva, Pátria e Maria Teresa Mirabal, conhecidas como Las Mariposas, assassinadas em 1960 pela ditadura de Rafael Trujillo. Seus nomes tornaram-se símbolo internacional da resistência contra regimes de violência e opressão.
Sua história é revisitada em filmes, documentários e livros — herança que ecoa no Brasil e no mundo como alerta permanente: lembrar para que não se repita.
Violência de gênero hoje: números que exigem ação
A gravidade da situação no Brasil segue evidente. Segundo o painel Justiça em Números, o CNJ registrou, apenas em 2024, mais de um milhão de novos casos de violência contra a mulher.
O cenário reforça a necessidade de ações contínuas e integradas para prevenção, acolhimento e respostas rápidas às vítimas. O CNJ, por meio do programa Por Toda Parte, Por Todas Elas, coordena iniciativas nacionais durante os 21 dias, incluindo formações, campanhas educativas e eventos sobre temas emergentes, como violência digital.
Cultura como resistência
Em meio à campanha dos 21 dias, o Sisejufe indica, às servidoras e demais mulheres que nos acompanham, a peça “Luísa de Medrano”, apresentada em formato de microteatro na Acaso Cultural (Botafogo, RJ). A obra revisita a vida da primeira mulher catedrática da Europa, cuja existência foi, por séculos, apagada da memória oficial.
A montagem, com atuação de Alexandra Plubins, convida o público a refletir sobre o apagamento histórico das mulheres e suas formas contemporâneas.
A presidente do Sisejufe, Lucena Pacheco Martins, destaca: “A peça nos conduz pela trajetória de Luísa Medrano e pela pergunta que atravessa a história: houve realmente mudança na invisibilidade das mulheres ao longo do tempo?”. A pergunta fica para a reflexão de cada mulher que ler esta reportagem.
Com informações do CNJ