Alto contraste Modo escuro A+ Aumentar fonte Aa Fonte original A- Diminuir fonte Linha guia Redefinir
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE
NPC realiza 1º Festival da Comunicação Sindical e Popular no Rio

Democratização da mídia foi a principal vertente do encontro

Foi realizado nessa quinta feira (25/5), o 1º Festival da Comunicação Sindical e Popular, uma produção do Núcleo Piratininga de Comunicação, fundado pelo já falecido Vito Gianotti. O evento aconteceu no centro da cidade e a programação reuniu teatro, dança, música, aulas públicas com convidados especiais e debates sobre a importância da comunicação no cenário da conjuntura política atual do Brasil, onde apenas seis famílias monopolizam 90% da comunicação nacional, reunindo suas empresas em um verdadeiro conglomerado midiático que reflete uma única ideologia e gera pouca reflexão na população.

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE

Aula pública com Reginaldo Moraes da Unicamp

Para Reginaldo Moraes, 66 anos, professor de ciências políticas da UNICAMP e colaborador do NPC, era o convidado para falar sobre Globalização, Trabalho e Comunicação durante a primeira aula pública realizada no período da tarde. Ele disse que a diferença entre o serviço prestado pela mídia corporativa e a comunicação popular é que a última provoca perguntas, pensamentos e ideias genuínas, ao passo que a mídia comum lida com certezas como se estas fossem a verdade absoluta. Em conversa com jovens presentes na escadaria da Câmara Municipal, ele comentou que a comunicação sindical é importante porque ela reflete o lado do trabalhador, lado este que nunca é refletido na mídia corporativa comum. “O que precisa ficar claro é que não há imparcialidade nos grandes veículos de comunicação, o Willian Bonner do Jornal Nacional não é um jornalista, ele é um publicitário e um ótimo ator. No fundo tudo é semiótica, a notícia é construída de modo a atingir um objetivo exato na população e não causar reflexão ou um questionamento do status quo estabelecido”, explicou.

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFEMoraes ainda lembrou Jesus Cristo, “o maior subversivo de todos os tempos”, que usava de parábolas para falar aos seus e sabia que o fazer comunicação deve ser pautado em saber ouvir e interpretar seu público, saber o que se passa em seu território na hora de plantar suas sementes e saber também como se modifica o terreno a partir das sementes plantadas. “Precisamos ocupar as praças e as ruas, é importante falar com os jovens e a população em geral como uma atividade de comunicação que se fazia antigamente, na época dos comícios relâmpagos que aconteciam antes de a polícia correr atrás da gente na década de 1970. Isso sempre foi comum, Lênin subia em caixotes de madeira para falar à população e assim se faz revoluções”, lembrou. Inclusive, disse ele, “a mídia corporativa nem mesmo nos trata como imprensa, eles nos tratam como ‘organismos de difusão ideológica’ como se apenas a nós fosse reservada a ideologia e a eles a notícia verdadeira”.

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE

Douglas é integrante do CMI Rio

Para o jovem Douglas Heliodoro, de Rio das Pedras, que integra o Centro de Mídia Independente no Rio (CMI), o que se falou aqui jamais seria veiculado em um programa de TV normal, como muitos que se fazem por aí. “A mídia corporativa vende aos jovens uma cultura consumista e individualista, uma cultura fastfood. Mas o jovem de periferia está atento haja vista o movimento ‘rolezinho’ em shoppings de granfino em São Paulo”, disse.

 

Já para a mesa de debate sobre as experiências de Comunicação Sindical e Popular, mediada por Ana Lucia Vaz, jornalista e professora de comunicação na UFRRJ (Rural), as contribuições foram calorosas e refletiram o descontentamento atual generalizado com a violência policial vivida por jornalistas e manifestantes tanto no Rio como em Brasília em recente manifestação popular.

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE

Arley Macedo – Tv Tagarela

Um dos criadores da Tv Tagarela, na Rocinha, Arley Macedo, disse que é preciso criar outra forma de fazer comunicação, pois a que se aplica hoje é feita de forma jogada. “Nós temos no Brasil um monopólio midiático muito perigoso que está a serviço dos piores bandidos e mafiosos da América Latina. A mídia comum não faz comunicação para nós moradores de favelas, o que é dito para nós ali não dá mais conta do que a gente precisa e nós queremos ocupar a mídia e o espaço público midiático”, comenta.

A jornalista Kátia Marko, natural de Porto Alegre com ampla experiência no movimento sindical e popular, disse que antigamente era muito comum a imprensa escolher um lado, por exemplo como nos anos 50, mas essa prática foi sendo disfarçada com o passar dos anos. “Eu acredito muito na importância de se fazer algo que acreditamos, meu lado é o da classe trabalhadora, eu assumo o que eu defendo e sei os meus primcípios como jornalista e comunicadora que sou”, afirma.

Hoje Kátia é assessora do SindsepeRS e Andes/UFRGS. além de voluntária do MTST. Ela defende a direito de expressão, de termos nossos veículos e de contribuir para uma imprensa mais democrática, menos monopolizada. “Estamos aqui hoje em uma praça que tem uma importância histórica grande, palco de muitas lutas populares – a Cinelândia. Nossas raízes comunitárias precisam ser resgatadas, vamos sair da internet e das redes sociais, vamos para as praças e para as ruas, vamos exigir nossos direitos e que eles não sejam retirados por gente usurpadora como o atual governo federal”, bradou.

 

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE

Jane Nascimento da Vila Autódromo

Outras convidadas também tiveram espaço de fala durante o evento. A mediadora do debate, Ana Lucia Vaz, autora do livro ‘Jornalismo na correnteza’, que analisa a experiência do jornalista, em diferentes mídias, a partir do ponto de vista das dificuldades e possibilidades técnicas de autonomia em relação ao senso comum, convidou Jane Nascimento, moradora da Vila Autódromo, que muito emocionada lamentou o acontecimento. “Nós sofremos atropelos de todas as partes, desde o prefeito Eduardo Paes que pilotou ele mesmo o trator que destruiu nossas casas, até a Igreja Católica, que foi convivente com a covardia do Estado. A prefeitura não acatou o plano popular que foi oferecido. Hoje, aquelas 20 casas que restaram estão descaracterizadas e não nos representam, pelo menos 4.120 famílias foram desalojadas com uma indenização que pouco serviu após mais de dois anos de demolições”, disse ela emocionada.

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE

É Preta encerra o evento

 

O encerramento do Encontro, que também ofereceu feira de livros e barracas com publicações sindicais, foi marcado por um animado show de samba com o grupo de mulheres É Preta que animou o público que esteve presente. A apresentação celebrou os 100 anos da greve das tecelãs na Rússia!

 

 

Vito Gianotti

Comunicação sindical e popular é debatida em evento aberto na Cinelândia, SISEJUFE

Homenagem do Jornal Brasil de Fato

Nascido em Lucca, na Itália, veio para o Brasil em 1964 e aqui construiu parte importante da sua história. Ele foi militante na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo e criou o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) junto com sua companheira de vida, Claudia Santiago. Nesses pouco mais de 20 anos, o NPC exerceu um papel importantíssimo no campo da comunicação contra-hegemônica, incentivando a criação de sites, jornais, boletins, TVs, rádios, blogs pelo Brasil afora. Ele faleceu no Rio de Janeiro, dia 24 de julho, aos 72 anos.

 

Por Aline Souza – Imprensa Sisejufe

Últimas Notícias