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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Brasil: o dilúvio de junho

O primeiro passo será baixar o preço da passagem.

1959 – A REVOLTA DAS BARCAS EM NITERÓI
1968 – BRASIL, TCHECOESLÁQUIA, FRANÇA EM EBULIÇÃO
1987 – QUEBRA-QUEBRA DOS ÔNIBUS NO RJ
1988 – PICARETA NO SARNEY QUE O OBRIGOU A  NUNCA MAIS VOLTAR AO RJ 2011 – PRIMAVERA ÁRABE
2013 – O DILÚVIO DE JUNHO

É claro que houve outras tantas manifestações populares, pacíficas e violentas, mas, geralmente  envolve uma ou outra categoria profissional. Agora o motivo é o preço do ônibus. E ônibus todo mundo usa.

Finalmente esse povo foi às ruas por uma causa comum e justa – o direito de ir e vir. Vinte centavos a mais não impediria ninguém de se movimentar, mas a revolta é aumentar tarifas com um transporte como esse? É isso o que ninguém aguenta. Como  realizar Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas quando a  saúde e a educação públicas (e até mesmo a privada, haja vista o tempo que se espera uma consulta em um hospital privado) são a cada ano  piores? Por que só o povo pode ouvir “espera um pouco” do Poder Público e nunca os poderosos donos do transporte?

Um grande revolucionário já disse que uma revolução começa não só quando os “de baixo” não querem mais viver à  maneira antiga, mas, quando os “de cima” não podem mais governar da antiga maneira.

No início da semana passada todos os telejornais falavam mal dos “baderneiros” que fechavam as ruas e impediam “o direito de ir e vir do povo”, como se os manifestantes não fossem povo; os governantes vinham a público chamar os manifestantes de vândalos. No entanto, como hoje tudo é filmado, ficou provada (mais uma vez) a truculência da polícia dos Estados, que agrediram jornalistas que somente faziam trabalhar. Aí a imprensa voltou-se contra a polícia. Como os protestos só aumentavam e a imprensa agora retirava seu apoio ao Podre Público, os governantes passaram a só  chamar de baderneiros os “infiltrados” que quebravam o patrímônio público. Foi verdadeiramente ridículo o “mea culpa” de Arnaldo Jabour na televisão ontem à noite, retirando as injúrias que proferiu contra os manifestantes no primeiro dia de protestos, quando afirmou que os manifestantes é que não valiam nem vinte centavos. É assim mesmo, quando o barco afunda, os fracos são os primeiros a abandonar o navio.

Agora, todo mundo é a favor dos estudantes. Sempre achei que se o povo tivesse um décimo da disposição para lutar por coisas realmente importantes, como luta contra o técnico do time de futebol que não se sai bem, contra a subsituição da rainha de bateria da escola de samba ou pela legalização do uso da maconha, os governantes não tratariam esse povo do jeito que trata. Até mesmo por que essa luta conta com a simpatia de quem normalmente reclama de passeata e engarrafamento, como se vê pelos comentários de motoristas e passageiros de coletivo.

E assim foi, depois de um simples aperto dado pelo povo. No início da semana a polícia usava balas de borracha e espancava, livremente, jornalistas, hoje é instruída pelos governadores a não mais usar as balas e a respeitar a imprensa; no início; a imprensa caia de pau na manifestação em si, hoje, somente contra os “baderneiros”; ontem, os prefeitos não queriam saber de conversa, hoje, chamam os manifestantes para conversar e são esses que não aparecem; no primeiro dia se exibiam os presos nas delegacias, hoje, a televisão mostra policiais acuados na frente da Assembléia Legislativa e correndo de manifestantes.

1959 – A REVOLTA DAS BARCAS EM NITERÓI
1968 – BRASIL, TCHECOESLÁQUIA, FRANÇA EM EBULIÇÃO
1987 – QUEBRA-QUEBRA DOS ÔNIBUS NO RJ
1988 – PICARETA NO SARNEY QUE O OBRIGOU A NUNCA MAIS VOLTAR AO RJ
2011 – PRIMAVERA ÁRABE
2013 – O DILÚVIO DE JUNHO

É claro que houve outras tantas manifestações populares, pacíficas e violentas, mas,  geralmente envolve uma ou outra categoria profissional. Agora o motivo é o preço do ônibus. E ônibus todo mundo usa.

Finalmente esse povo foi às ruas por uma causa comum e justa – o direito de ir e vir. Vinte centavos a mais não impediria ninguém de se movimentar, mas a revolta é aumentar tarifas com um transporte como esse. É isso o que ninguém aguenta. Como realizar Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas quando a saúde e a educação públicas (e até mesmo a privada, haja vista o tempo que se espera uma consulta em um hospital privado) são a cada ano piores? Por que só o povo pode ouvir “espera um pouco” do Poder Público e nunca os podoresos donos do transporte?

Um grande revolucionário já disse que uma revolução começa não só quando os “de baixo” não querem mais viver à maneira antiga, mas, quando os “de cima” não podem mais governar da antiga maneira.

No início da semana passada todos os telejornais falavam mal dos “baderneiros” que fechavam as ruas e impediam “o direito de ir e vir do povo”, como se os manifestantes não fossem povo; os governantes vinham a público chamar os manifestantes de vândalos. No entanto, como hoje tudo é filmado, ficou provada (mais uma vez) a truculência das polícias dos Estados, que agrediram jornalistas que somente faziam trabalhar. Aí a imprensa voltou-se contra a polícia. Como os protestos só aumentavam e a imprensa agora retirava seu apoio ao Poder Público, os governantes passaram a só chamar de baderneiros os “infiltrados” que quebravam o patrímônio público. Foi verdadeiramente ridículo o “mea culpa” de Arnaldo Jabour na televisão ontem à noite, retirando as injúrias que proferiu contra os manifestantes no primeiro dia de protestos, quando afirmou que os manifestantes é que não valiam nem vinte centavos. É assim mesmo, quando o barco afunda, os fracos são os primeiros a abandonar o navio.

Agora, todo mundo é a favor dos estudantes. Sempre achei que se o povo tivesse um décimo da disposição para lutar por coisas realmente importantes, como luta contra otécnico do time de futebol que não se sai bem, contra a subsituição da rainha de bateria da escola de samba ou pela legalização do uso da maconha, os governantes não tratariam esse povo do jeito que trata. E assim foi, depois de um simples aperto dado pelo povo.

Até mesmo por que essa luta conta com a simpatia de quem normalmente reclama de passeata e engarrafamento, como se vê pelos comentários de motoristas e passageiros de coletivo.

No início da semana a polícia usava balas de borracha e espancava, livremente, jornalistas, hoje é instruída pelos governadores a não mais usar as balas e a respeitar a imprensa; no início, a imprensa caia de pau na manifestação em si, hoje, somente contra os  “baderneiros”; ontem, os prefeitos não queriam saber de conversa, hoje, chamam os manifestantes para conversar e são esses que não aparecem; no primeiro dia se exibiam os presos nas delegacias, hoje, a televisão mostra policiais acuados na frente da Assembléia Legislativa e correndo de manifestantes.

A garotada impôs sua pauta aos meios de comunicação. O assunto do dia não é mais a Copa das Confederações, a vinda do Papa, a redução da maioridade penal, a Copa do mundo ou as Olimpíadas. Isso tudo foi varrido. E são questionados os gastos absurdos com os estádios de futebol, que devem enriquecer ainda mais os empreiteiros. Ah se isso tudo tivesse ocorrido a dois meses da eleição….A passagem, pelo menos, já tinha abaixado.

Outros aspectos são importantes ter em conta. O primeiro deles é a crise da democracia representantiva. A democracia, esse sistema político que conta com eleições, mandatos temporários, representantes do povo e partidos políticos foi desmascarado como uma farsa.

Alguns cientistas políticos conservadores acham que isso é negativo. Com certeza  consideram como o ápice da democracia o sistema representativo, mas os representados foram às ruas dizer que esse sistema não mais os representa, cobrindo de vergonha esses pretensos cientistas. Esse o sentido da depredação da Assembléia Legislativa, do orgulho de não se ter partido político. E se a assembléia é a representação do povo, ele tem o direito de fazer o que quiser com ela. O que querem no lugar ainda não é claro, mas é assim mesmo, a tomada de consciência é um processo.
Outro aspecto a se considerar é a decantada “manipulação ” dos jovens por parte de políticos. Alguns sugerem até que os americanos estão envolvidos para frear o avanço do Brasil!!
Difícil acreditar que alguém, sinceramente, acredite nisso. Essa cantilena é tão antiga quanto a que dizia que comunista come criancinha. Em primeiro lugar, se o movimento é manipulado não deve importar, desde que ele consiga que a passagem de ônibus abaixe; em segundo lugar, o avanço do Brasil deve refletir em condições mais dignas de vida e não em números da economia.
O Partido dos Trabalhadores, que incendiou São Paulo em 1979, na maior greve contra a ditadura militar, assiste incrédulo a uma manifestação tão grande de hostilidade dessa mesma população. O único partido de esquerda hoje, realmente representativo, são as redes sociais.
Não se deve ter nenhum assombro com as “minorias” que destróem o patrimônio público. Em uma luta verdadeiramente popular não dá para filtrar todo mundo que participa e nenhuma mudança realmente importante foi feita sem alguns atos de vandalismo. A sociedade atual veio à luz em 1789 com a queda da Bastilha – a destruição completa da pior prisão da França pela população enfurecida. Os direitos trabalhistas também não vieram ao mundo sem um foguinho aqui, uma pedrinha ali, uma depredação acolá. O povo agora pode estar errando por excesso e não por omissão. Isso

David Cordeiro
Analista judiciário
Arquivo 2 – São Cristóvão

 

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